| 08/05/2009 17h43min
Melhor árbitro do Gauchão, melhor árbitro dos últimos três Brasileirões, Leonardo Gaciba pegou "recuperação" na prova da CBF para o campeonato que começa neste fim de semana. Na quinta-feira, ele não conseguiu cumprir os 20 tiros. Fez 90% e, para apitar na principal competição nacional, exige-se 100%. Gaciba nega um bloqueio emocional. O motivo da reprovação seria, por ironia, sua boa fase no apito. No último mês, esteve envolvido em oito jogos (entre eles Gre-Nal, Ca-Ju e finais do Mineiro, do Goiano e do Paraense, para a qual viajou 30 horas).
Pouco antes de começar o treino físico em sua academia, na zona norte da Capital, Gaciba conversou com ZH. Confira trechos da entrevista:
Zero Hora — Por que você foi reprovado no teste físico?
Leonardo Gaciba — Cumpri 90% da prova. Venho de mês desgastante, muitos jogos, muita viagens. Essa prova exige preparação. Estava programada para 40 dias
atrás. Fiz o curso na Granja Comary e não pude fazer o teste.
Depois, tive muitas escalas de jogos. Estava protelando a prova. Tenho que aperfeiçoar a parte física e e, em 10 ou 15 dias, faço outra vez a prova.
ZH — Como é o teste?
Gaciba — Ele é feito em pista, são 10 voltas, quatro quilômetros de prova. Você tem que dar 20 tiros de 150 metros, com invertalos de 50 metros entre eles. Dá o tiro e descansa 35 segundos. É uma prova de exigência diferente da que se tem no campo.
ZH — O que o teste ajuda em campo?
Gaciba — É uma prova que a Fifa criou, especial para torneios como o Brasileirão. Ela (Fifa) cobra o teste em todo o mundo. Só que o calendário do Brasil é meio louco. Você apita muito e viaja muito. Estamos em um país continental. Fiz um jogo em Santarém (final do segundo turno do Paraense) em que gastei 15 horas para ir e 15 horas para voltar. Você precisa de uma
semana para se recuperar de uma viagem dessas. Cheguei na segunda-feira ao meio-dia e, terça-feira,
estava como reserva no jogo do Grêmio pela Libertadores. É puxado o negócio. Até vai ser bom, vou ficar 10 dias tranquilo, me preparando. Faço a prova e volto normalmente. No ano passado, fiz seis testes desses. Dois em nível nacional, um de aprovação para a relação deste ano da Fifa, um em curso de alto nível no Paraguai e dois na FGF.
ZH — Você disse que teve muitas escalas no último mês. Quais jogos você apitou?
Gaciba — Fiz o jogo em Santarém, a semifinal e a final no Campeonato Mineiro, um jogo da Libertadores no Paraguai, fiquei duas vezes como juiz reserva no Olímpico (pela Libertadores), o Gre-Nal, o Ca-Ju, a final do Campeonato Goiano. Acho que só isso (risos). Foram uns oito jogos.
ZH — Nestes 40 dias, quanto tempo passaste em casa?
Gaciba — Como uma viagem mais longe exige
três dias fora e foram oito jogos, acredito que passei 24 dias longe de casa e uns 15, no máximo, em casa. E
nestes poucos dias tenho meu negócio (uma academia na Capital), minha família e preciso de um tempo para descansar.
ZH — O que o diretor de arbitragem, Sérgio Corrêa, disse sobre sua reprovação?
Gaciba — Ele entendeu perfeitamente. Até porque foram 90% do índice. Tem jogador atuando com menos do que isso e resolvendo os jogos. Só que prova física exige 100% e tem de estar preparado. Não dá para esquentar muito.
ZH — Você já teve problemas anteriores em outros testes e, por isso, fala-se que possa haver um bloqueio emocional.
Gaciba — Não, foi cansaço mesmo. Pouco tempo de recuperação É preciso dar uma paradinha. Para apitar eu estou tranquilo. Tem que dar uma descansada e uma guaribada no teste.
ZH
— Quanto um árbitro corre por partida?
Gaciba — Chega a 10 ou 12 quilômetros por partida
ZH — Isso vai mudar quando os árbitros puderem viver apenas do apito?
Gaciba — Escuto isso desde que me formei em 1991. Apitaria mais tranquilo se recebesse um valor mensal e, a partir daí, tivesse escala de 4 a 6 jogos por mês, com planejamento e calendário. Não é essa a realidade e temos que nos adaptar. A própria Conembol fica impressionada com o que os árbitros da Fifa apitam no Brasil. Graças a Deus, tinha seis Estados querendo que eu apitasse a final do Estadual. Fiz a do Mineiro, por questão de sorteio. O importante é dentro do campo. Às vezes pago um preço por minha performance no campo ser muito boa. Você tem uma performance dentro do campo e outra fora.
ZH — Você estava escalado para apitar Fluminense x São Paulo. Como fica?
Gaciba
— Ficarei de fora e haverá novo sorteio. Pelo padrão da CBF, com 90% do teste físico, posso apitar Copa do
Brasil e Série B. Na quarta-feira, serei reserva no jogo do Grêmio pela Libertadores. Em uma semana consigo polir esses 10% que faltam. Para mim vai ser até bom dar uma paradinha. São férias forçadas em boa hora. É bom de vez em quando dar uma parada.
ZH — Você marcou novo teste?
Gaciba — Não tem dia marcado ainda. Vou dar uma corrida hoje, treino no fim de semana. Na segunda-feira, faço simulação do teste. Em 10 dias, acredito estar pronto.
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