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 | 25/07/2008 04h47min

Dunga: "Gaúcho é mala"

Microfone da Rádio Gaúcha capta declaração do treinador da seleção em Cingapura

Janaína Kalsing  |  janaina.kalsing@zerohora.com.br

Dunga, gaúcho de Ijuí, sussurrou para Jorginho e Rodrigo Paiva, auxiliar-técnico e assessor de imprensa, durante a coletiva de imprensa realizada ontem em Cingapura, onde a seleção olímpica se prepara para os Jogos de Pequim:

— Eu não disse que gaúcho é mala?

Só que o microfone da Rádio Gaúcha captou a frase.

Estava instaurada a polêmica - ainda que não se saiba o sentido exato da expressão usada por Dunga, após uma pergunta do repórter André Silva sobre o aproveitamento de Ronaldinho no time. O cartunista Iotti, pai do personagem Radicci, não concorda com o técnico. Acredita que muitas vezes é tachado como tal porque "não leva ninguém de compadre", ou seja, costuma ser franco, sem enrolação. A indagação do técnico não agradou ao chargista:

— O Dunga é um cifazol! Ele que pare com essa bobagem — disparou Iotti.

O escritor Luis Fernando Verissimo entende que Dunga pode estar exasperado com seus conterrâneos da imprensa:

— O gaúcho é melhor repórter e melhor jornalista, aí passa por chato. Na verdade, foi um grande deslize, pois pensava que não estivesse gravando — diz o escritor.

Já Neto Fagundes, músico tradicionalista, discorda um pouco. Para ele, sim, existem gaúchos malas. O errado é generalizar:

— Têm cariocas, paulistas, baianos malas. Não é exclusividade do Rio Grande do Sul.

Neto supõe que Dunga esteja sob grande pressão da mídia. No "centro do tiroteio", conforme expressão nativista usada pelo músico. A imprensa gaúcha, de um modo geral, não tem dado descanso para ele.

— A nossa imprensa furunga mesmo. E como tem uma qualidade maior que a dos outros Estados, o repórter acaba passando por mala — analisa Neto.

O cineasta Jorge Furtado ficou receoso de comentar a afirmação de Dunga.

— Mas isto está gravado? — questionou.

Furtado, assim como Neto Fagundes, discorda que o povo gaúcho deva receber exclusivamente esse qualificativo:

— Não há uma relação do Estado de nascimento e sua chatice, isso é preconceito. Existem malas em qualquer lugar.

O cineasta observa, também, que os gaúchos têm autocrítica maior. Por este raciocínio, Dunga não teria feito nada além de xingar a si mesmo. Assim, será que o gaúcho de Ijuí não estaria ao menos no contexto de sua própria frase?

 
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