Uma semana antes de completar três anos, Lucas recebeu um telefonema emocionado do pai, o dublê de terceiro zagueiro e lateral-esquerdo do Inter, Marcão. Ainda em Pelotas, Marcão telefonou para o pequeno, que está em Curitiba com a mãe, Márcia, visitando familiares. Minutos antes marcara dois gols no massacre de 5 a 0 sobre o Brasil. No primeiro, Marcão escalou o alambrado e comemorou com a torcida, como Lucas gosta. Estava feito o gol "Homem-Aranha".

— Queria muito fazer um gol para ele. O Lucas joga bola comigo, marca um gol, e corre para escalar um alambrado imaginário. Chama isso de gol do Homem-Aranha. Mais tarde, ele assistiu ao gol na TV. Ficou feliz da vida — contou Marcão.

E a família Skavinski estava precisando de uma alegria como a desse domingo. Afinal, 2007 foi um dos anos mais conturbados. Os dois meses de suspensão por doping de finasterida, substância que evita queda de cabelo, quase mancharam a carreira limpa de Marcão, hoje aos 32 anos.

— Felizmente, aquilo tudo já está superado. Não me preocupo mais com o cabelo. Ele segue caindo, mas também já caía no período em que eu estava tomando o remédio — disse o zagueiro.

Taticamente, Marcão ganhou
liberdade para se ir ao ataque

Os dois gols no Bento Freitas deram nova moral a Marcão, após o fraco desempenho na derrota para o Juventude. Foi a segunda vez que o zagueiro marcou dois em um mesmo jogo. Em 2004, ele contribuiu com outros dois na goleada do Atlético-PR contra o Malutron, por 5 a 0.

Taticamente, a vida de Marcão também mudou. Agora, ele tem maior liberdade para se juntar ao time no ataque. Prova disso foi o seu segundo gol (o quarto dos 5 a 0 de domingo) em Pelotas, quando ele acompanhou o avanço da equipe em um contra-ataque.

Embora comemore a vitória sobre o Brasil como o retorno do bom futebol do Inter, o zagueiro alerta para que a equipe não passe a subestimar os adversários do Interior.

— A derrota para o Juventude acendeu o nosso sinal de alerta. Jogamos muito bem em Pelotas, entraremos ligados em todos os jogos a partir de agora, só não podemos nos deslumbrar com essa goleada contra o Brasil —comentou o vice-artilheiro do Gauchão, dono de três gols.