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 | 30/05/2007 13h09min

Clube teria indicado suplemento sem registro na Anvisa

CLA fornecido a Alex Alves e mais quatro jogadores é ilegal no Brasil

O suplemento alimentar CLA indicado pelo Juventude a Alex Alves, e que rendeu ao atacante uma acusação de doping pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), é considerado ilegal pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E trata-se de uma resolução que nada tem a ver com os regulamentos de dopagem esportiva: a despeito da sibutramina pela qual o jogador foi flagrado e que não deveria constar no produto, a entidade governamental proibiu a fabricação e comercialização do ácido linoléico conjugado (o CLA) em todo o Brasil porque nenhuma empresa conseguiu provar seus benefícios ou ausência de riscos ao consumidor.

O texto da resolução 833, de 28 de março de 2007, determina "a apreensão, em todo território nacional, de todos os lotes do produto ácido linoléico conjugado - CLA, por não possuir registro no Ministério da Saúde".

E a razão para não possuir registro no Ministério da Saúde? Confira nas próprias palavras da Anvisa: "as evidências científicas (...) não comprovam a segurança de uso e a eficácia do ácido linoléico conjugado. Os efeitos adversos observados (...) precisam ser melhor esclarecidos e entendidos. (...) Com o intuito de proteger e promover a saúde da população, o ácido linoléico conjugado (...) não deve ser comercializado no Brasil até que os requisitos legais que exigem a comprovação de sua segurança de uso, mecanismos de ação e eficácia sejam atendidos".

Traduzindo: independentemente da presença ou não – e indevida ou não – de sibutramina em seu composto, o CLA, por si só, já não deveria nem estar sendo vendido em sites, ou prateleiras de lojas e farmácias de todo o país. Muito menos sendo indicado a qualquer praticante de atividade desportiva. E não faz a menor diferença quem o fabrica. No caso do lote adquirido pelo Ju, a empresa IntegralMédica S/A Agropecuária e Pesquisa, de São Paulo, que em 2005 já havia sofrido apreensão de seu CLA.

– A determinação está em vigor e vale para todas as empresas. O CLA vem sendo comercializado e fabricado de maneira ilegal em todo o Brasil. Quem consome este produto, consome algo que não passou por um processo de registro na Anvisa. Até hoje, já foram recebidos vários pedidos de registro, mas nenhum deles jamais foi deferido. Porque o fabricante não conseguiu provar que o CLA trazia benefícios aos usuários – afirma a assessoria de imprensa da agência.

Contudo, durante o Gauchão, outros quatro atletas, além do atacante Alex Alves, tiveram a recomendação dos departamentos nutricional e fisiológico do Juventude para utilizar o CLA: o zagueiro Wescley, o volante Veiga, o lateral-esquerdo Zé Rodolpho e o zagueiro Fabrício – os três últimos dispensados recentemente pelo clube.

– O CLA nunca teve autorização no Brasil. Por ser um suplemento alimentar, precisa de registro no Ministério da Saúde. Mesmo assim, é vendido para praticantes de atividade física, prometendo queima de gordura e ganho de massa muscular. Porém, todos os pedidos de registro não conseguiram provar eficácia e segurança, então, foram indeferidos. Quem consome este produto, está se arriscando com uma substância que não possui o aval da saúde pública. Quem o vende, comete uma infração sanitária, passível de punição – complementa a Anvisa.

FÁBIO DA CÂMARA E GABRIEL IZIDORO/PIONEIRO
 
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