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 | 10/07/2006 18h03min

Senador italiano faz ofensas racistas à seleção francesa

Político diz que time é formado por "negros, muçulmanos e comunistas"

A final da Copa do Mundo extrapolou os limites do futebol e pode provocar um incidente diplomático entre Itália e França. Nesta segunda, o vice-presidente do Senado italiano, Roberto Calderoli, causou polêmica ao comentar a partida de domingo, vencida pelos italianos por 5 a 3 na disputa de pênaltis, depois de empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação.

– Foi uma vitória de nossa identidade, onde lombardos, calabreses e napolitanos venceram uma seleção que sacrificou sua própria identidade ao escalar negros, muçulmanos e comunistas – afirmou o político, o mesmo que em fevereiro deste ano pediu ao Papa Bento XVI para iniciar uma nova cruzada contra o avanço do Islamismo.

Ministro das Reformas do já extinto gabinete do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, Calderoli pertence à Liga Norte, partido de extrema-direita conhecido pela intolerância com os imigrantes. O político deixou o cargo depois de vestir uma camiseta com a efígie de Maomé, ato considerado ofensivo aos muçulmanos.

As palavras de Calderoli despertaram reação imediata das autoridades francesas. O embaixador da França em Roma, Yves Aubin de la Messuziere, classificou as declarações do senador italiano como “inaceitáveis”.

– Frases como essa só levam ao ódio racial – afirmou o embaixador. – É uma vergonha para os italianos que alguém diga palavras como essas a um país de antiga tradição democrática – acrescentou o deputado francês Angelo Bonello, do Partido Verde.

A miscigenação racial da seleção francesa já foi motivo de polêmica na própria França, onde o líder da extrema-direita, Jean-Marie Le Pen, reclamou da presença de negros e de imigrantes e da falta de "franceses puros” na equipe.

A própria expulsão do meia Zidane em um momento crucial da decisão pode ter sido conseqüência de uma ofensa racial. Segundo o jornal inglês The Guardian, o zagueiro Materazzi teria chamado o camisa 10 francês de “terrorista sujo”, se referindo às raízes argelinas e muçulmanas de Zidane. O jogador italiano, porém, nega o insulto.

Agência Estado
 
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