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 | 24/04/2002 23h38min

Mário Lill elogia Arafat e conta como foi a permanência em Ramallah

Líder do MST discursou durante ato na sede da Via Campesina, em Porto Alegre

O líder gaúcho do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra Mário Lill elogiou as atitudades do presidente da Autoridade Nacional da Palestina (ANP), Mário Lill, durante discurso na sede da Via Campensina, na Avenida Farrapos, em Porto Alegre. Lill chegou ao Estado na tarde desta quarta-feira, 24 de abril, às 16h35min. Ele desembarcou no Aeroporto Internacional Salgado Filho no vôo 3059 da TAM, que vinha de São Paulo. Havia passado 22 dias no QG de Arafat em Ramallah.

Em Porto Alegre, foi ovacionado por um grupo de 350 militantes do MST e da Via Campesina e por 50 representantes da comunidade palestina. Na saída do aeroporto, Lill foi recebido pela mulher e pelo filho Pedro, que não eram vistos desde que deixou o Brasil. Minutos depois, participou de um ato na sede da Avenida Farrapos. Um carro de som repleto de militantes que seguravam foices enfeitadas com rosas e bandeiras aguardavam o sem-terra. A manifestação, que durou uma hora, congestionou as avenidas e ruas próximas.

Durante o discurso, Lill ainda manifestou posição contrária à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e ao poder americano. Ele contou que foi humilhado por israelenses. Dentro do QG, diz, viveu uma guerra psicológica. Água e alimentos foram racionados. Segundo o sem-terra, havia pão árabe e, às vezes, um pouco de queijo, tomates ou pepinos. Colchões e cobertores não eram suficientes, corpos apodreciam enquanto tanques e canhões miravam contra o prédio. Lill disse também que a situação ficou mais amena com a chegada do secretário de estado norte-americano, Colin Powel.O abastecimento de água foi reforçado e o corpo de um cozinho morto foi removido do local.

O militante afirmou que após deixar o QG foi levado para uma prisão local desconhecida por ele. Lill foi algemado e acorrentado pelos pés. Porém, disse que não sofreu maus tratos, mas recebeu um documento em hebraico para ser assinado. Como não entendia a língua, negou a assinatura.

Lill ajudou a transportar pessoas mortas e teve breves contatos com Arafat. Segundo o líder do MST, Arafat não continha a emoção de ver seu povo morrendo.

Fernando Gomes / ZH

Carro de som com militantes que seguravam foices enfeitadas com rosas aguardavam Lill
Foto:  Fernando Gomes  /  ZH


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