| 24/10/2005 20h08min
Com a suspeita de novos focos no Paraná, aumenta a pressão gaúcha para que o Ministério da Agricultura determine a vacinação em Santa Catarina, onde o rebanho não recebe vacina há cinco anos. Ao mesmo tempo, pecuaristas e técnicos do Ministério e da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul tentam começar a vacinação no Estado ainda em outubro – a data confirmada ontem pelo governo estadual é novembro, com reforço em maio de 2006.
O trânsito de animais e produtos de origem animal entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina voltou a ser proibido, mas a medida não é suficiente para tranqüilizar os gaúchos. Dez equipes técnicas foram cedidas para reforçar a fiscalização catarinense, principalmente na fronteira com o Paraguai.
– Sim, é necessário que Santa Catarina vacine, porque não dá para lidar dessa maneira com o mercado e com o patrimônio dos outros. O Estado (SC) é um paiol de palha – afirmou ontem o diretor técnico da superintendência federal da Agricultura no Estado, José Euclides Severo.
A apreensão no Rio Grande do Sul é tanta que a Federação da Agricultura no Estado (Farsul) poderá recorrer à Justiça. Ontem o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, não quis comentar se medidas jurídicas estariam em estudo, mas se mostrou preocupado com as autoridades catarinenses, que descartaram vacinação.
– O Uruguai estava há sete anos sem vacinar quando foi atingido por um surto, com 2 mil focos, que tomou conta do país em 10 dias, em 2002 – diz Sperotto.
Com um rebanho de 2 milhões de cabeças – enquanto o gaúcho soma 13,6 milhões – destinado ao consumo interno, Santa Catarina resiste à vacinação para evitar perder pontos em mercados importantes para a exportação de suínos e aves. Mas Severo questiona se a descoberta dos focos paranaenses já não teria comprometido Santa Catarina aos olhos dos compradores estrangeiros.
– A comunidade internacional ainda não reagiu, não sabemos qual será o impacto do surgimento do foco no chamado circuito sul (RS, SC e PR) – afirma Severo.
Em Brasília, não há consenso sobre a conveniência de determinar a vacinação em Santa Catarina. Alguns técnicos questionam se a operação em si já não seria risco suficiente pela movimentação necessária e sugerem que o mais prudente, agora, é reforçar a fiscalização nas divisas do Estado.
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