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 | 23/10/2005 20h37min

População decide manter comércio de armas e munição no Brasil

Maior parte dos eleitores brasileiros votaram no Não

O comércio de armas de fogo e munição no Brasil deve ser proibido? Com 83,50% dos votos apurados, a resposta é Não. Até o momento, o Não obteve 64,31% dos votos válidos (50.120.721 votos) e a decisão já está matematicamente tomada. Dos 77.941.339 votos válidos apurados, 35,69% foram para o Sim (27.820.618 votos). Foram registrados até agora 1,68% de votos nulos (1.349.664) e 1,42% de votos em branco (1.139.550). A abstenção está  em 21,07%, ou seja, até agora, 21.475.229 deixaram de comparecer às urnas.

O Brasil ficou divido numa questão polêmica. Polêmica que começou na própria formulação da pergunta. Muitos críticos da proibição do comércio alegaram que a questão era confusa, contraditória e confundia o eleitor. Ao optar por Sim, estaria se optando na verdade pelo Não às armas.

A decisão tomada neste domingo foi mais pragmática do que ideológica. Não envolveu promessas partidárias nem tendências políticas. Falar em comercialização de armas significa falar em segurança, legítima defesa, criminalidade, direito de escolha. Até próprios partidos não conseguiram fechar uma questão e seus parlamentares fizeram uma escolha pessoal. Nem PT conseguiu unanimidade. O deputado Paulo Pimenta (PT) defendeu o Não assim como o senador petista Delcídio Amaral. Não houve muitas campanhas nas ruas, mas o temor pela vitória do Sim fez com que os simpatizantes do Não se armassem. Neste ano, o Departamento de Estatísticas do Sistema Nacional de Armas registrou crescimento de 285% no número de armas registradas em relação a 2004.

O Estatuto de Desarmamento vigora desde dezembro de 2003, mas ainda assim a população tinha dúvidas e até mesmo desconhecimento sobre o conteúdo. A única questão que deveria ser definida por voto era a do Artigo 35, sobre comercialização de armas e munição. Pode parecer simples, mas esta única questão gerou dúvidas na população. Nenhum cidadão poderá mesmo ter armas? Como fica situação das pessoas que têm armas hoje em dia? Elas terão que devolver suas armas? As campanhas, organizadas pela Frente Parlamentar Pelo Direito à Legítima Defesa e pela Frente Parlamentar Por Um Brasil Sem Armas, não ajudaram muito os eleitores. Foram breves os momentos de esclarecimentos e discussões claras sobre o tema. A maior parte do tempo gasto em TV e rádio foi para acusações e desqualificação dos argumentos adversários.

Em um momento raro, algumas revistas e jornais assumiram uma postura clara sobre o tema e divulgaram isso abertamente. Diante disso, os leitores acharam um meio de discutir e se informar um pouco mais sobre o assunto.

A vitória do Não representou uma derrota para o governo Lula, mas não foi uma surpresa. Nos últimos dias de campanha o crescimento da campanha pelo Não, que começou tímida, era evidente. As duas pesquisas Ibope mostraram a vitória do Não. Na última, divulgada na sexta, a vitória já não estava tão apertada quanto na primeira. No levantamento do dia 14 de outubro, 49% disseram que votariam Não e 45% que votariam Sim. No último levantamento, a diferença entre o Não e o Sim já era de 10 pontos percentuais (51% para o Não e 41% para Sim). Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado também apontou vitória do Não, de 57% contra 43% das intenções de votos.

Os argumentos de que uma população sem armas é uma população mais segura, de que grande parte das armas compradas por civis pára nas mãos de bandidos não conseguiram vencer o direito pela legítima defesa. A escolha pelo Não não deixa de ser um retrato de uma população insegura, que não acredita na eficiência do Estado na área da segurança pública e prefere ter uma arma em casa para se garantir ou, pelo menos, o direito de ter uma.

Acompanhe a apuração no clicRBS


 

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