| 19/10/2005 08h39min
Com a descoberta de novos focos da gripe das aves na Europa o governo federal define até o final desta semana medidas emergenciais para a doença não afetar a produção e a exportação brasileira. Conforme a expectativa dos produtores, as providências devem envolver a antecipação da regionalização proposta pelo setor, que prevê restrições no trânsito de aves mesmo dentro do país.
Em 2004 o Brasil se tornou o maior exportador de carne de frango do mundo, principalmente graças à Região Sul, que responde por mais de 80% dos embarques.
– Não podemos esperar senão a antecipação da proposta de regionalização apresentada pelo setor, que no Estado já está em fase adiantada de implementação – disse Aristides Vogt, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura.
Mesmo assim, Vogt não descarta a possibilidade de que o mercado para o frango brasileiro seja afetado:
– É possível que ocorra redução de consumo na Europa, mas a experiência nos países que já tiveram surto da doença é de que logo depois volte ao normal.
Conforme o superintendente da Avipal, José Carlos Aguilera, o período de setembro a dezembro é o melhor para as vendas do setor, especialmente para o Golfo Pérsico:
– Até agora, não tivemos nenhum cancelamento, embora a longo e médio prazo o impacto possa ser dramático, como se viu na Europa depois da doença da vaca louca.
Desde 2002 a União Brasileira de Avicultura (UBA) orienta produtores a adotar medida de prevenção. Em junho apresentou ao governo o plano de regionalização sanitária. Conforme Clóvis Puperi, secretário executivo da UBA, o plano praticamente elimina a circulação de aves vivas entre Estados e cria barreiras e corredores de passagem.
– Com a crise da aftosa, talvez consigamos despertar mais atenção das autoridades. Não se pode sair cortando recursos a torto e a direito. Deus é brasileiro, mas não tanto – argumentou Puperi.
O vírus da influenza aviária já passou pelo Estado, mas sem deixar rastros. Aves migratórias de passagem pela reserva da Lagoa do Peixe (a leste da Lagoa dos Patos), examinadas no fim de 2003, eram portadoras do vírus, segundo a chefe da divisão de fiscalização sanitária animal da Secretaria da Agricultura, Adriana Reckziegel. Como não tiveram contato com populações locais humanas ou animais, não houve contaminação – a área foi analisada. A lagoa, assim como o Pantanal, é área de migração constante, mas não oferece perigo, disse a técnica.
– Enquanto ficar só na Lagoa do Peixe, estamos tranqüilos, pois é longe de qualquer criatório.
Diante dos riscos, o governador Germano Rigotto defende a adoção de um corredor sanitário para aves entre os três Estados do Sul, fechando a passagem para qualquer outra unidade da federação. Rigotto não descarta um fechamento completo das fronteiras gaúchas se os procedimentos de prevenção na região não forem padronizados.
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