| 06/10/2005 16h22min
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o ex-ministro da Casa Civil e deputado José Dirceu (PT-SP) mostrou-se indignado com o seu processo de cassação. Repetiu que foi vítima de um linchamento político e que virou bandido e chefe de quadrilha da noite pro dia.
– Tinha um suplente meu. Eu não era deputado, tinha um suplente que assumiu no meu lugar. Como que eu quebrei o decoro? – questionou, lembrando que o estatuto da Câmara prevê que o deputado será ou não processado por decoro parlamentar no exercício do mandato.
– O ônus da prova no Brasil é do acusado agora. Isso é um absurdo.
Sobre um suposto empréstimo pego com o PT e não declarado ao Imposto de Renda, Dirceu disse que já esclareceu o caso e foi enfático:
– Isso é procurar prova para me cassar. Como não tem nenhuma prova para me cassar, alguns parlamentares estão procurando argumento para não dizer que estou sendo cassado politicamente. Eu quero que alguém apresente alguma prova.
Ao ser questionado sobre o aumento da bancada nos partidos aliados do governo, o ex-ministro da Casa Civil disse que, no Brasil, isso acontece toda vez que há mudança de poder e lembrou que o PSDB quase dobrou de tamanho no governo Fernando Henrique. Sobre seus planos, para o ano que vem, Dirceu disse que já deixou claro que não está em sua agenda atuar na direção do PT. Questionado sobre uma possível candidatura a deputado novamente, ele foi evasivo:
– Vamos esperar março ou abril do ano que vem.
Dirceu afirmou que suas relações com o ex-deputado Roberto Jefferson, que fez as denúncias de existência do mensalão, foram reduzidas a zero. Mas disse não considerá-lo o único culpado da atual crise política.
– O processo é muito mais complexo, quando a poeira baixar o país vai poder ver a verdade.
Questionado sobre quais razões levaram Jefferson a realizar as denúncias, Dirceu acusou:
– Muitas razões, principalmente as coisas que ele estava acostumado a fazer e nós não deixamos.
No caso de Waldomiro Diniz, Dirceu rechaçou qualquer ligação com a cobrança de propina. Diniz foi assessor de ex-ministro da Casa Civil para assuntos parlamentares
– Ele (Diniz) não era meu braço direito, não era meu assessor mais importante.
O deputado lembrou que a principal testemunha de acusação no caso, o empresário Carlos Cachoeira, depôs e afirmou que o ex-assessor jamais havia falado em nome de José Dirceu. Além disso, o ex-ministro disse que os fatos ocorreram antes do governo Lula e que já foram investigados por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Rio de Janeiro.
– Paguei o maior mico da minha vida – disse, referindo-se ao fato das denúncias envolverem um ex-assessor seu.
Dirceu negou ter sido mal assessorado e negou ligações com Marcos Valério.
– Eu tava muito bem cercado. Marcos Valério nunca esteve próximo a mim, nunca falou comigo pessoalmente, nunca me telefonou. Ele disse que era meu inimigo para quem quisesse ouvir na CPI.
O ex-ministro da Casa Civil não quis julgar a atuação de José Genoino frente ao partido.
– Isso quem tem que julgar é o PT. No congresso quero debater e discutir os erros. Não quero prejulgar.
Dirceu respondeu também perguntas sobre o caso Celso Daniel. Ele negou ter participado de qualquer esquema de transporte de dinheiro e defendeu a administração municipal da cidade.
– É uma das maiores mentiras que eu ouvi nos últimos tempos. Até agora a Justiça não provou que não tenha sido um crime comum, pelo contrário. Prende e acusou sete ou oito réus – disse, completando – Faz cinco anos que a prefeitura de Santo André é investigada por corrupção e nunca se provou nada. É bom que se ouça também o outro lado.
– Nem o governo é corrupto, nem o PT é corrupto. Do governo até agora não provaram nada, nada. Porque tem que provar, não adianta fazer denúncia – defendeu o ex-ministro.
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