| 06/10/2005 14h29min
O presidente da seguradora Interbrazil, André Marques da Silva, afirmou hoje, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que sua empresa fez doações para os diretórios do PT, PL, PFL e PSC de Goiás, do PSDB em São Paulo e do PMDB dos Estados de Roraima, Paraná e Mato Grosso do Sul
Segundo Silva, as doações não eram em dinheiro vivo, mas sim por meio de materiais, como bandeiras e adesivos. Ele reiterou que a atuação da empresa se limita a repassar o risco dos seguros contratados para o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) ou para resseguradoras internacionais.
Questionado pelo relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), ele admitiu que ganhou R$ 2,8 milhões por um contrato de um ano com a Companhia Energética de Goiás (Celg), mas que o mesmo foi rescindido no segundo mês sem que tenha sido contratada nenhuma resseguradora. Serraglio disse que a operação foi irregular pois a empresa pública não poderia adiantar pagamentos por um serviço que não foi prestado.
Sobre a origem dos contratos, o empresário informou que 70% do faturamento da Intebrazil é proveniente de seguros facultativos contratados por empresas de ônibus. Ele disse ainda que, na intermediação do resseguro para as usinas Angra 1 e Angra 2, a Interbrazil ganhou "apenas" R$ 500 mil. Segundo Silva, o faturamento da Interbrazil saltou de R$ 28 milhões, em 2000, para cerca de R$ 64 milhões, em 2002.
O depoente criticou a decisão da CPI de o trazer à força, com apoio da Polícia Federal (PF), para que prestasse esclarecimentos hoje. Acredita que a ausência na reunião de ontem, em que seria ouvido, ocorreu apenas porque recebeu a intimação tardiamente, sendo impedido de chegar em Brasília de Goiânia, onde reside com os pais. André Marques da Silva reclamou da atuação da PF, que, segundo ele, abusou da força.
A Interbrazil é acusada de pagar dívidas de campanha do PT para ter informações privilegiadas e conseguir contratos com o governo. A empresa nunca teve tradição no mercado mas, mesmo assim, conseguiu grandes clientes no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vindo a fechar contratos de R$ 4,6 bilhões com várias estatais. Em 2004, a empresa começou a ter problemas financeiros, depois de faturar R$ 62 milhões.
Investigações apontam para a existência de fraudes, mas somente em agosto deste ano a Superintendência de Seguros Privados (Susep) decretou a liquidação da empresa. Há suspeitas de que tenha havido favorecimento à Interbrazil por causa da relação da seguradora com o PT goiano e com Adhemar Palocci, irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A Interbrazil está sendo investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público da União.
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