| 29/09/2005 10h48min
O governo jogou pesado para garantir a maioria dos votos do PP e do PTB no segundo turno das eleições para presidente da Câmara. Com o objetivo de conseguir o apoio das bancadas dos dois partidos, principalmente do PP, o Palácio do Planalto autorizou a indicação para cargos de segundo escalão no Ministério das Cidades e a liberação de R$ 950 milhões em emendas ao Orçamento.
A bancada do PP condicionou o apoio a Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ao que chamou de "despetização" do Ministério das Cidades. Apesar de o ministro Márcio Fortes de Almeida ser considerado da cota do partido, os demais cargos da pasta estão sob controle do PT. O governo comprometeu-se a negociar com o partido aliado indicações para a Companhia Brasileira de Trens Urbanos, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a Secretaria Nacional de Habitação e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, além de cargos do ministério nos estados.
A cúpula do PP recebeu a promessa de uma liberação rápida de R$ 600 milhões em emendas de bancadas e R$ 350 milhões de emendas individuais de parlamentares da base aliada, que estão no orçamento do Ministério das Cidades.
O governo adotou fórmula semelhante à empregada na véspera, quando conseguiu o apoio do PL depois de prometer liberar um orçamento de R$ 1 bilhão do Ministério dos Transportes. No fim da tarde, o que estava em jogo era a migração dos votos obtidos no primeiro turno pelos candidatos Ciro Nogueira (PP-PI) e Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP).
Assim que terminou o primeiro turno, o ministro Márcio Fortes foi deslocado para a liderança do PP e garantiu à bancada que iria cumprir o orçamento de sua pasta. Ao lado do líder do PP, deputado José Janene (PR), o ministro ouviu reclamações dos deputados. Eles alegaram que, quando Aldo era ministro da Coordenação Política, não atendeu os pleitos da bancada.
Já o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, disse que sua pasta iria liberar na próxima semana R$ 50 milhões em emendas individuais, o que representa cerca de um terço do total de emendas da área do Turismo. Ele informou ainda que há uma previsão de liberar no fim do ano R$ 500 milhões das emendas de bancadas. Do orçamento total de R$ 1 bilhão, o ministro disse que já foram executados R$ 335 milhões, a maior parte referente ao orçamento original da pasta e das emendas individuais.
- Eu estou aqui porque fui convidado pela bancada. É natural o meu empenho pela candidatura de Aldo, que foi meu colega de Ministério. Pioraria muito a situação do governo se a oposição vencesse. A nossa derrota mandaria um sinal para fora de que o governo não tem controle político da situação - disse o ministro Mares Guia.
O governo também acionou os ministros peemedebistas Saraiva Felipe (Saúde) e Hélio Costa (Comunicações), além do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, do PSB. No fim do primeiro turno, quando a disputa entre Aldo e o deputado pefelista José Thomaz Nonô (AL) estava acirrada, também enviou para a Câmara o presidente da Infraero, Carlos Wilson, que se encontrou com o terceiro colocado na disputa, deputado Ciro Nogueira (PP-PI). Nesse encontro, Carlos Wilson conseguiu assegurar o apoio de Ciro.
Também ajudou na decisão o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE), que, depois de apelos do governo, deu sinal verde para que o afilhado político Ciro apoiasse Aldo.
O ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, negou a existência de qualquer tipo de barganha ou prática fisiológica para influenciar a disputa. Segundo ele, houve uma mudança no comportamento do governo, que passou a ficar mais unido.
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