| 27/09/2005 22h25min
O presidente da Promodal Logística e Transportes, Antonio Augusto Morato, disse hoje na sub-relatoria de contratos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios que fez doações de R$ 800 mil à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Morato teria contribuído com R$ 500 mil por meio da Promodal e com outros R$ 300 mil por meio de outra empresa sua, a Tecnocargo. O empresário foi ouvido na investigação de supostas irregularidades praticadas pelas empresas de transporte aéreo noturno de cargas que têm contratos com os Correios.
A CPI investiga a denúncia de um acordo entre a Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda. (Beta) e a Skymaster, por meio do qual as duas empresas disputariam as concorrências da Rede Postal Noturna dos Correios e a vencedora repassaria metade do contrato para a derrotada. Entre 2001 e 2003, as companhias operaram em parceria duas linhas do correio noturno.
O proprietário da Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda. (Beta), Ioannis Amerssonis, também ouvido nesta terça, informou à CPI dos Correios que a Beta – que ainda não era dele – e a Promodal faziam parte da mesma holding entre 1997 e 2002. Naquele período, a Beta era administrada por Morato e já tinha relações com os Correios. O "conglomerado de fato, mas não de direito", como definiu Amerssonis, teria sido encerrado em 2002, quando Amerssonis assumiu a administração da Beta.
Morato também admitiu a sociedade com Amerssonis, em uma holding que reunia outras 15 empresas. Ele disse que a associação, nunca formalizada, foi desfeita em 2002 devido a interesses divergentes entre os integrantes.
Quanto ao acordo entre as empresas Beta e Skymaster – que chamou de subcontrato – Morato disse que o acerto foi registrado, era legal e tinha o conhecimento da diretoria dos Correios. Segundo ele, não teria sido possível cumprir o contrato para correio aéreo noturno sem esse acordo – prevendo que a Beta faria o transporte em caso de pane em aeronave da Skymaster.
Mas o empresário admitiu que o valor cobrado pelo serviço (R$ 429 mil por operação) era "realmente alto" em comparação com o mercado, mas ponderou que o cálculo deve levar em conta o aumento do preço do querosene de aviação.
O sub-relator de contratos da CPMI dos Correios, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), disse ter constatado um escândalo.
– Há indícios fortes de condução de licitação para favorecimento de empresas, de superfaturamento e de conluio de empresas – afirmou Cardozo.
Outro empresário ouvido hoje foi Michel Abud Atie Junior, presidente-executivo da Beta. Ele defendeu que a empresa teve prejuízo de R$ 9,5 milhões por causa do aumento no preço dos combustíveis. Também contou que, em 2003, veio a Brasília para pedir ao então presidente dos Correios, Airton Dipp, o reequilíbrio econômico do contrato com a Beta, pedido que, segundo o empresário, não chegou a ser atendido.
De acordo com o empresário, os contratos da Beta com os Correios correspondem a 30% do faturamento da empresa. Abud revelou ainda que os contratos eram fechados com a Direção de Operações dos Correios, principalmente durante a gestão de Carlos Sena.
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