As Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPIs) dos Correios e do Mensalão e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, do Senado, realizam reunião conjunta às 11h para ouvir o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona.

Amanhã, às 10h, as duas CPMIs voltam a realizar reunião conjunta para ouvir o presidente do grupo Opportunity, Daniel Dantas.

O depoimento de Toninho da Barcelona está marcado para as 11h30min. O doleiro cumpre pena de 25 anos na penitenciária de Avaré (SP) por evasão de divisas, entre outros crimes. Sem apresentar provas, Toninho da Barcelona tem dado detalhes de um suposto esquema de remessa ilegal de recursos para o Exterior pelo PT.

Em agosto, integrantes da CPI dos Correios ouviram o doleiro, que contou detalhes de operações financeiras do PT para o Exterior. Toninho da Barcelona disse que sabia de remessas feitas pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O doleiro afirmou ainda que o MTB Bank, casa bancária de Nova Iorque, era a instituição usada para a lavagem de dinheiro.

Na mesma semana em que foi ouvido pela CPMI, Toninho da Barcelona deu entrevista por escrito à revista Veja, na qual declarou que, na campanha de 2002, o PT trocava quase diariamente quantias que variavam de US$ 30 mil a US$ 50 mil (R$ 69 mil a R$ 115 mil na cotação de hoje).

Segundo o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), com a decisão da CPI dos Bingos de ouvir o doleiro hoje, as CPMIs da Compra de Votos e dos Correios, que também já haviam aprovado requerimento, decidiram realizar reunião conjunta.

No caso do presidente do grupo Opportunity, o objetivo das CPMIs com o depoimento é esclarecer depósitos feitos pelas empresas dele nas contas das agências DNA e SMPB, do empresário Marcos Valério de Souza – acusado de operar o suposto esquema do mensalão. Dantas pediu ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF), em habeas corpus, o direito de ficar calado durante o depoimento.

No pedido, a defesa de Daniel Dantas afirma que o Supremo tem respeitado, em suas decisões, os direitos constitucionais do investigado ou mesmo de testemunha e, assim, pede também que o empresário não seja obrigado a responder a "indagações suscetíveis de causar embaraços à sua defesa", assegurando-lhe a ampla defesa.

Além de Toninho da Barcelona e de Daniel Dantas, as CPMIs realizam outros depoimentos nesta semana. Hoje, depõem na sub-relatoria de contratos da CPI dos Correios o ex-diretor da estatal Maurício Madureira e representantes da empresa de correio aéreo Beta, que tinha parcerias operacionais com a Skymaster nas linhas aéreas da Rede Postal Noturna.

Na quarta, a sub-relatoria da DNA, SMPB e fontes financeiras ouve o presidente do BMG, Ricardo Guimarães. O banco é a instituição de origem da maior parte dos empréstimos tomados pelo empresário Marcos Valério. Na CPI da Compra de Votos, será ouvido o assessor da liderança do PP na Câmara, João Cláudio Genu. Ele é apontado como responsável por saques de mais de R$ 4,1 milhões das contas de Marcos Valério, segundo lista divulgada pelo próprio publicitário. O presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), disse em depoimento prestado no último dia 14 que Genu só foi autorizado a sacar R$ 700 mil. O depoimento está marcado para o mesmo horário da reunião conjunta das três CPIs para ouvir o Toninho da Barcelona e por isso pode ser adiado.

AGÊNCIAS CÂMARA E BRASIL