| 19/09/2005 08h28min
Suspeita de ter esquentado dinheiro do empresário Marcos Valério de Souza destinado ao caixa do PT, a empresa Natimar Negócios e Intermediações Ltda, de Florianópolis, entrou no eixo das investigações da CPI dos Correios.
Na próxima semana, na tentativa de obter mais detalhes sobre a conta da Natimar junto à corretora Bonus-Banval - que movimentou recursos de Valério e efetuou pagamentos do PT ao PL -, os agentes federais ouvem o depoimento do dono da empresa, o argentino Carlos Alberto Quaglia, em São Paulo.
Segundo reportagem publicada na edição de ontem do jornal Folha de S.Paulo, a Polícia Federal (PF) investiga se o doleiro uruguaio Najun Turner, o principal envolvido na operação montada para tentar salvar o mandato do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, atuou no esquema de caixa 2 do PT junto com Valério.
O elo entre Turner e Valério seria a Natimar. A empresa, segundo Quaglia, seria destinada a operações de importação e exportação, funcionando como uma trading.
A PF teria indícios de que Turner seria o verdadeiro dono da Natimar, que, operando no mercado de ouro e dólar, teria sido usada para efetuar os pagamentos de caixa 2 aos parlamentares do PL, por meio de sua conta na corretora Bonus-Banval.
Na edição de ontem, o jornal Diário Catarinense relatou as atividades da Natimar, e mostrou que o empresário argentino é réu em pelo menos duas ações penais com base na lei de crimes contra o sistema financeiro. Quaglia nega conhecer Marcos Valério e diz que a operação junto à Bonus-Banval, aplicações em ouro no montante de R$ 6,5 milhões, foi realizada com valores adiantados do pagamento de exportações de máquinas.
A PF ouviu o depoimento de 10 pessoas citadas na lista de sacadores da Natimar no Rio de Janeiro e escutou de todas uma resposta negativa sobre o saque dos recursos. Diante disso, os investigadores passaram a trabalhar com a tese de que a empresa forneceria moeda americana a doleiros.
A PF e a CPI dos Correios trabalham com a hipótese de que a empresa tenha recebido os R$ 6,5 milhões de Marcos Valério, dinheiro que seria investido e posteriormente sacado por pessoas apontadas pelo empresário mineiro, conforme afirmou o sócio da corretora, Enivaldo Quadrado, em depoimento à CPI.
De acordo com os dados passados à comissão, a Natimar teria recebido os R$ 6,5 milhões das empresas 2S Participações e Tolentino e Melo Associados, nas quais Marcos Valério tinha participação. O requerimento para que o empresário argentino deponha à CPI dos Correios já foi aprovado. O depoimento está previsto para ocorrer apenas em outubro.
RENÊ MÜLLER/ FLORIANÓPOLIS/AGÊNCIA RBS
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