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 | 14/09/2005 00h40min

Irmão de Palocci não se manifesta sobre denúncias de caixa dois

Adhemar teria autorizado pagamentos sem contabilidade em Goiás

Adhemar Palocci, irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não quis gravar entrevistas sobre denúncias envolvendo seu nome a suposto caixa dois durante campanha eleitoral em Goiás. A denúncia foi veiculada na edição desta terça do Jornal Nacional.

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, afirmou que Adhemar é um técnico exemplar. Rondeau também não quis fazer comentários sobre o homem que hoje ocupa o cargo de diretor de Engenharia e Planejamento da Eletronorte e cuida da maior obra em andamento no país, a ampliação da Usina de Tucuruí.

Adhemar seria responsável por autorizar pagamentos de materias da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva e do candidato do PT à prefeitura de Goiânia Pedro Wilson, em Goiás. Serviços de impressão em Goiás somariam R$ 1 milhão, de acordo com Cláudio Marques da Silva, dono da gráfica que teria realizado os trabalhos em Goiás.

Cláudio é irmão de André Marques da Silva, diretor da Interbrazil, seguradora investigada pela Polícia Federal. A empresa ganhou concorrências de companhias públicas de setores estratégicos, no início do governo Lula. A seguradora foi registrada na junta comercial de São Paulo em 2002, quando lucrou R$ 24 milhões. A cifra saltou para R$ 35 milhões em 2003 e atingiu R$ 62 milhões em 2004.

No início de 2004 o Instituto de Resseguros do Brasil, um dos órgãos que regulam o mercado, acusou a Interbrazil de garantir um contrato usando documentos falsos e de emitir apólices irregulares para a companhia energética de Goiás. A denúncia é que a Interbrazil assumiu sozinha um risco que não poderia bancar, de mais de R$ 1 bilhão. A Susep, órgão subordinado ao Ministério da Fazenda responsável por fiscalizar as seguradoras, liquidou a Interbrazil no mês passado, quase um ano e meio depois de receber o primeiro alerta de que a empresa teria falsificado documentos.

A Interbrazil deixou um rombo na praça. O presidente da empresa foi acusado dar sumiço em documentos e computadores. Quando já ocupava o cargo na Eletronorte, Ademar Palocci se encontrou com o dono da Interbrazil. Segundo André Marques da Silva, foram três ou quatro reuniões em Brasília. André diz que é vítima de perseguição porque quebrou o monopólio das grandes seguradoras e conta que câmeras gravaram som e imagem das reuniões que ocorreram na seguradora. O material, segundo ele, ficou gravado em computadores da empresa.

A Susep declarou que a liquidação da Interbrazil obedeceu a todos os trâmites e foi feita dentro do prazo determinado pela lei.

No Congresso, parlamentares já defendem que os envolvidos na denúncia sejam ouvidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios.

AGÊNCIA O GLOBO

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