| 12/09/2005 17h00min
Aliados de Severino Cavalcanti (PP-PE) articulam um contra-ataque a parlamentares que anunciam boicote às sessões a serem presididas por ele. O quarto secretário da Câmara, deputado João Caldas (PL-AL), afirmou hoje que a Mesa Diretora poderá descontar salários e até cassar deputados que faltarem a votações.
– Ainda duvido que eles vão faltar mesmo. Se o fizerem, estarão descumprindo a Constituição e o Regimento Interno da Câmara. Portanto, ao não votar, eles deverão sofrer sanções administrativas como o desconto de salários – disse Caldas.
A ameaça de boicote a Severino teve início na semana em que surgiram as primeiras denúncias de recebimento de propina em troca da prorrogação do contrato de concessão do restaurante do anexo IV da Câmara. Na sexta, os deputados Raul Jungmann (PE) e José Carlos Aleluia (PFL-BA) alegaram que Severino não deveria mais presidir sessões, mais especificamente a votação da cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), marcada para esta quarta.
João Caldas diz que a obstrução ensaiada pelos oposicionistas não é legal. Segundo ele, esse instrumento só pode ser utilizado quando se tratar de matéria específica:
– Quero ver o vice-presidente do PPS (Jugmann) e o líder do minoria (Aleluia) tirarem o povo deles do plenário. Eles sequer têm bancadas. Essa obstrução é completamente ilegal. Se eles faltarem a 12 votações, terão seus mandatos cassados – afirmou.
Para Caldas, Severino ainda tem condições de presidir sessões com votações importantes. O deputado desconsidera as novas provas apresentadas pelo comerciante Sebastião Augusto Buani, dono do restaurante do anexo IV da Câmara. Segundo ele, o presidente da Câmara, apesar de ser acusado de irregularidades, não está impedindo as investigações:
– Ele não está cerceando a ninguém. Tudo que for apresentado será anexado aos autos até o término das investigações – disse.
Questionado se considera ético Severino presidir votações mesmo acusado de corrupção, o deputado João Caldas (PL-AL) respondeu:
– Ética é uma coisa que depende do foco. Para uns, ética é uma coisa. Para outros, é outra.
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