Constrangidos por ameaças de Roberto Jefferson (PTB-RJ), parlamentares petebistas ouvidos pelo jornal O Globo revelaram que o deputado estaria disposto a atacar o já combalido presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e que, pela primeira vez, poderia abrir fogo contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Jefferson cria expectativa sobre o discurso de defesa do mandato na sessão em que deve ser cassado. Prevista para quarta, a votação pode não ocorrer. Com as denúncias de propina contra Severino, o ex-presidente do PTB vê a possibilidade de ter adiado seu julgamento.

Mas o que incomoda integrantes do partido é a postura beligerante de Jefferson contra o governo, porque a maioria da bancada discorda dessa postura. Ele estaria intimidando colegas de legenda a fazer oposição, deixando em situação delicada o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB).

- Todo mundo tem medo de Jefferson. Por isso ele continua mandando no partido, mesmo sem ser presidente. Ele impõe suas vontades, mesmo que isso não seja consenso no partido. E ninguém tem coragem de enfrentá-lo - disse um integrante da executiva do partido.

Prova do seu poder no partido foi a surpresa de parte da bancada quando, na propaganda eleitoral do PTB na TV, na semana passada, o deputado fez uma ameaça implícita ao afirmar que a história do mensalão era contada pela metade.

A tensão no partido é tamanha que foi destacado um grupo de parlamentares para monitorar os passos de Jefferson. Além do senador Sérgio Zambiasi e do líder da bancada, deputado José Múcio (PE), a tropa inclui os deputados Luiz Antônio Fleury Filho (SP) e Íris Simões (PR).

A avaliação no núcleo do PTB é de que Jefferson não tem mais o que perder. Por isso, estaria levando o partido para o buraco. Quando alguém tenta uma ponderação contrária, reage e manda recados de que pode revelar histórias de mensalão. É com esse comportamento que controlaria o tesoureiro informal Emerson Palmieri, que sabe muito ou quase tudo o que Jefferson fez como presidente do PTB.

ZERO HORA