| 09/09/2005 07h35min
A entrevista do empresário Sebastião Buani tornou praticamente insustentável a permanência de Severino Cavalcanti (PP-PE) na presidência da Câmara, o que já desencadeou uma intensa articulação sobre quem ocupará seu lugar. A oposição, que vinha pedindo sua saída, subiu o tom dizendo que ele deve perder inclusive o mandato. Aliado a isso, governistas pela primeira vez abandonaram as declarações brandas sobre a situação do presidente da Câmara.
– Mudou consideravelmente o quadro. Em nenhum momento isso deve ser tratado como questão de governo. É oportuno que ele retorne imediatamente ao país para dar explicações à Câmara e à sociedade – afirmou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
O líder do PT na Câmara, o gaúcho Henrique Fontana (PT), disse que a situação de Severino "é dificílima" e reivindicou a presidência da Câmara devido ao fato de o partido ter a maior bancada na Casa (90 deputados):
– Precisamos passar por um rápido mas profundo processo de diálogo com todos os partidos da Casa. Agora, como maior bancada, o PT vai recolocar o debate daquilo que constitucionalmente é o previsto, ou seja, que a maior bancada indique um presidente.
Fontana, porém, ressalvou que não exclui a possibilidade de o PT aceitar um nome de outro partido, já que se busca o consenso.
A tradição, e não a Constituição, reza que a maior bancada comande a Câmara. Tanto é que Severino, em eleição inédita, derrotou em fevereiro o candidato do PT e do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP). Caso Severino deixe definitivamente o posto, serão realizadas novas eleições em um prazo de até cinco sessões.
Na oposição, os discursos foram bem mais duros, e a avaliação, principalmente entre PSDB e PFL, é que Severino vai renunciar à presidência da Casa e ao mandato como forma de escapar da inelegibilidade até 2015 que uma possível cassação resultaria. Os partidos de oposição reafirmaram a intenção de pedir a cassação de Severino caso ele não renuncie.
A discussão sobre quem deve substituir Severino já resultou no surgimento de diversos nomes. O único consenso aparente é que o perfil não deve ser de aliado incondicional do governo nem de oposicionista ferrenho.
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