| 25/08/2005 20h55min
Investir na melhoria da qualidade na produção de leite é ação que traz benefícios diretos ao produtor. A conclusão é do presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNPL/CNA), Rodrigo Alvim, ao avaliar resultados de consulta com produtores de leite realizada pelo Projeto Conhecer, da CNA.
O estudo mostra que 42% dos produtores que investiram em ações de melhoria da qualidade da produção, como a instalação de tanques de resfriamento na fazenda, estão recebendo bonificação na hora da venda para a indústria, justamente por oferecem leite dentro dos mais modernos padrões de qualidade.
O produtor de Goiás que adotou programas de qualidade na produção chega a receber R$ 0,07 a mais que aquele que ainda não se adequou às novas regras, diz Alvim. Isoladamente, o valor adicional por litro pode parecer pouco significante, mas representa, ao final de cada mês, substancial renda extra para o produtor. Um pecuarista que produz 350 litros de leite por dia, ou seja, 10,5 mil litros por mês, obtém um adicional na venda de R$ 735 mensal, caso tenha investido em programas de qualidade da produção e, por isso, esteja obtendo o adicional de R$ 0,07 por litro vendido à indústria.
A pesquisa realizada pelo Projeto Conhecer buscou justamente identificar o perfil do produtor de leite brasileiro, sua renda, o padrão da sua produção e suas dificuldades. A consulta obteve respostas de 850 criadores de gado de leite de várias regiões do país, e trouxe resultados surpreendentes. Uma parcela de 65% dos produtores respondeu ter renda bruta anual de até R$ 120 mil, ou seja, é um público considerado enquadrável ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), típicos pequenos produtores rurais.
O estudo concentrou suas conclusões sobre as respostas oriundas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por 89,4% da produção brasileira de leite, de 14,5 bilhões de litros no ano passado. Essas três regiões, portanto, responderam por 12,96 bilhões de litros de leite, em 2004.
Para Rodrigo Alvim, a consulta do Projeto Conhecer confirma que investir na qualidade da produção de leite garante o crescimento sustentado do segmento, mesmo que não estivessem em vigor as exigências da Instrução Normativa nº 51/2002, que estabelece regras para a melhoria da produção leiteira, e que está em pleno vigor nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste desde o início de julho.
– Independentemente da IN nº 51, o produtor precisa se adaptar às novas tecnologias, que comprovadamente garantem maior qualidade para o leite e, conseqüentemente, maior rentabilidade ao produtor – diz Alvim.
Conforme a consulta do Projeto Conhecer da CNA, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, 84% dos produtores já realizam o resfriamento do leite na propriedade ou em tanques comunitários. Trata-se justamente do público que tem acesso a melhores bonificações na hora de negociar com a indústria. A consulta revelou também que 43% dos produtores já utilizam os serviços de laboratórios credenciados para avaliar a qualidade do leite produzido, o que é considerado um ótimo resultado pela CNPL/CNA, ao ser considerado que as regras da IN 51 estão em vigor há pouco mais de um mês.
– Certamente, boa parte do restante dos produtores está ingressando no processo de análise – diz Alvim.
Parcela de 15% dos produtores que responderam à consulta informou não estar enquadrado no Programa Nacional de Melhoria de Qualidade do Leite (conforme regras da IN 51).
A consulta do Projeto Conhecer identificou também que as principais demandas para enquadramento no Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite são falta de orientação técnica e dificuldade de treinamento e capacitação dos funcionários. Para solucionar esse problema, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) está concluindo a elaboração da cartilha “Como Produzir Leite de Alta Qualidade”, que será base de projeto de treinamento a ser
lançado ainda este ano,
explica Alvim. A CNA também irá apresentar ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, uma proposta de capacitação dos produtores de leite.
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