| 03/08/2005 22h34min
A gerente financeira da agência SMP&B, Simone Vasconcelos, fez à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios, nesta quarta-feira, um depoimento que pouco acrescentou às investigações dos parlamentares. Ela foi ouvida pelos parlamentares ao longo de quase 12 horas.
A funcionária de Marcos Valério confirmou os empréstimos feitos pelo patrão para o PT e admitiu que sacava grandes quantidades de dinheiro, repassadas para as pessoas que o chefe indicava. Simone, porém, deu poucas explicações. Ela disse que não sabia de mensalão e que não perguntava sobre o destino dos milhões de reais que distribuiu.
– Nunca contei dinheiro, nem dentro de bancos, nem dentro de hotéis – garantiu, negando informações de Karina Somaggio, ex-secretária de Valério, que contara à CPI ter ouvido de Simone que ela se dizia cansada de contar notas e carregar malas de dinheiro.
– Na minha mala eu só carrego roupas. E ela tem rodinhas, eu não fico cansada não, deputado – ironizou, usando tom ríspido com um dos deputados que lhe interrogaram.
A ironia esteve presente muitas vezes na argumentação de Simone Vasconcelos. Indagada sobre a movimentação contábil da empresa da qual era diretora financeira, chegou a dizer:
– O meu forte não são números.
A postura, considerada arrogante por parlamentares em alguns momentos, irritou o relator da CPI, Osmar Serraglio. Simone não soube informar o valor do faturamento da SMP&B no ano passado.
– Vossa Senhoria sabia que iria prestar informações à CPI, com esse universo todo de pessoas, o Brasil inteiro, e veio aqui sem saber faturamento? É impressionante. Quero concluir que Vossa Senhoria não quer esclarecer – disse Serraglio, sem disfarçar a irritação.
Em outro momento, o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) destacou crimes dos quais Simone poderá ser acusada (enriquecimento ilícito, formação de quadrilha, receptação, possível concorrência para o crime) e alertou:
– A senhora precisa coloborar, não apenas fazer o jogo do Marcos Valério – disse o pefelista.
Sobre a afirmação de outro deputado, Murilo Zauith (PFL-MS), que a chamou de "econômica" nas palavras e nas informações, Simone voltou a recorrer à ironia:
– Publicitários têm o dom da palavra. Os políticos também têm. Sou administradora, sou direta, sem rodeios.
A diretora da agência SMP&B reforçou que se sentia pressionada e desconfortável na posição em que estava diante da CPI, mas não lamentava a situação.
– Lamento por muitas coisas que aconteceram no nosso país, inclusive o que está acontecendo com a agência (SMP&B), que vai gerar muitos desempregos – atacou.
As informações são da Agência O Globo.
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