| 25/07/2005 07h58min
Até os maiores fiadores do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso estão pessimistas em relação ao desfecho da crise política. O senador José Sarney (PMDB-AP) confidenciou a pelo menos dois interlocutores nos últimos dias que está muito preocupado com o mau desempenho do presidente diante da gravidade da situação. Segundo esses interlocutores, o senador avalia que Lula erra muito e que, se nada for feito, dificilmente terminará este ano presidente.
Outro que anda preocupado com o quadro político é o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Depois de falar com Lula por telefone na terça, o senador voltou a conversar com o presidente na noite de quinta. Os dois tiveram um encontro reservado no gabinete presidencial para tratar de conjuntura mas, segundo um importante dirigente do PMDB, não houve acerto no que se refere à administração da crise no Congresso. Renan voltou do Palácio do Planalto com o mesmo discurso de que a crise preocupa, mas que seu papel é o de garantir a independência das CPIs que apuram denúncias de corrupção e de preservar a imagem do Congresso.
A análise que prevalece na cúpula do PMDB e de outros partidos da base aliada, como o PSB, é a mesma. O entendimento geral é de que Lula está "desorientado" diante da crise. O pior, na avaliação conjunta de Sarney e Calheiros, é que hoje não há espaço para se conversar com o presidente da República sobre as saídas possíveis para vencer a turbulência política. A impossibilidade de qualquer solução negociada decorre da constatação de que, ao menos por enquanto, não se pode dimensionar a extensão do escândalo de corrupção que envolve petistas do governo e do Congresso.
Além disso, o próprio presidente não esconde a apreensão com seus companheiros na CPI dos Correios. Em conversas reservadas, Lula tem feito reparos à atuação do presidente da comissão, senador Delcidio Amaral (PT-MS). Ele avalia que o petista tem se comportado mais como relator do que presidente da CPI, de quem se espera uma postura de magistrado. A queixa de Lula é que, diferentemente disso, Delcidio tem opinado sobre tudo, inclusive em entrevistas ao vivo às emissoras de rádio e TV, em que já chegou a declarar que, a seu ver, o mensalão negado pelo governo existia.
As informações são do jornal Zero Hora.
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