| 08/06/2005 23h47min
Deu Argentina no maior clássico do futebol mundial: 3 a 1. E ele foi exatamente o que todos esperavam: um jogaço, e não um amistoso de luxo, como definiu o técnico Carlos Alberto Parreira no início da semana.
Argentina e Brasil protagonizaram mais um belo capítulo da história dos clássicos. Os 70 mil torcedores argentinos presentes no Monumental de Nuñez desbancaram a (possível) classificação antecipada do time de Parreira à Copa antes mesmo do apito inicial, gritando sem parar durante a execução do hino brasileiro. Uma amostra do que viria a seguir.
A Argentina começou mordendo, decidindo, em cada lance, a vida. Jogavam a morir, como eles dizem, marcando com eficiência o quarteto fantástico do Brasil formado por Kaká, Ronaldinho, Robinho e Adriano – este último, isolado. E com a posse de bola, trocavam passe rápidos e precisos. Todos eles com o carimbo de Riquelme, maestro do time argentino.
Nem o frio – a temperatura estava por volta dos 10º –, foi páreo para o furor argentino. Empurrada pelos fanáticos hinchas, a celeste e branca abriu o placar cedo. A zaga brasileira deu bobeira. Tentou, de forma burra, a linha do impedimento. Crespo recebeu passe do lado de campo, correu para o meio e chutou rasteiro, no canto de Dida: 1 a 0. Estava pronto. O Monumental incendiou.
A Argentina tocava a bola, a torcida gritava olé. Atônito, o Brasil não encontrava espaços. Ronaldinho e Kaká eram seguidos de perto por Lucho González, Mascherano e Sorín.
Aos 17 minutos, Riquelme marcou um golaço. O meia-atacante deu um toque de letra para trás, recebeu de volta, cortou para a entrada da área e mandou um foguete no ângulo de Dida. Era tudo que os argentinos queriam. Aos 40, numa cobrança de escanteio, a seleção argentina fez jogada ensaiada. Cobrou rápido e rasteiro. Saviola recebeu e cruzou para Crespo. O centroavante se antecipou a Roque Júnior e guardou no canto: 3 a 0. O Brasil teve apenas dois arremates, com Roberto Carlos e Ronaldinho.
Os desentendimentos, bate-bocas, rusgas também não faltaram. Aos 10 minutos, Adriano foi derrubado quando ia em direção ao gol. O grandalhão atacante se levantou e partiu para cima do zagueiro adversário. Em outro lance Sorín colocou no meio das pernas de Ronaldinho. O brasileiro não teve dúvida. Meteu a mão na cara do lateral-esquerdo. No final do primeiro tempo, o mesmo Ronaldinho foi fazendo fila na defesa argentina. Rompia liso área adentro. Na hora do chute, foi desarmado. Roque Júnior brigou no lance e se desentendeu com o zagueiro. Quase explodiu uma briga.
O segundo tempo começou no mesmo ritmo: Argentina em cima. Dida salvou o Brasil num chute cruzado de Lucho González aos dois minutos. Robinho, apagado, ficou entregue a marcação e acabou sendo substituido por Renato, aos 14 minutos. Porém, aos poucos o Brasil foi se encontrando. Aos 10, Zé Roberto fez lançamento na esquerda para Roberto Carlos. O lateral correu pela ponta e tocou para Ronaldinho. O melhor do mundo chutou, mas Abbondanzieri afastou com tranqüilidade. Na seqüência, Adriano chutou forte, mas a bola saiu pela linha de fundo.
A equipe celeste e branca não tinha o mesmo ímpeto no fechamento dos espaços. Num cruzamento de Roberto Carlos, Zé Roberto, livre, perdeu um gol incrível. Ele ficou cara a cara com o goleiro e meteu para fora. A partir dos 20 minutos, os papéis se inverteram. O Brasil passou a ameaçar a meta de Abbondanzieri. Em outra jogada de Roberto Carlos, em chute cruzado, a bola subiu e Roque Júnior saltou mais que a defesa Argentina, mas cabeceou para fora.
O treinador José Pekermán percebeu a queda de rendimento. Trocou Lucho por Zanetti para segurar a bola, que passou a ficar com o Brasil. Aos 36, Carlos Tevéz entrou no lugar de Saviola, cansado. O jovem atacante correu demais na primeira etapa e infernizou Roberto Carlos.
O gol brasileiro era questão de precisão na hora do arremate. Precisão esta que Roberto Carlos sempre teve nas cobranças de falta, mas que estavam escassas no confronto desta quarta. Aos 25, de fora da área, ele mandou um “canudo” no ângulo: 3 a 1. O gol deu ânimo para o Brasil.
Ronaldinho, eleito o melhor do mundo pela Fifa, chamou para si o jogo. Passou a se livrar da marcação com força e velocidade, levando perigo para a zaga adversária. Adriano, aos 38, recebeu grande passe do craque gaúcho. O centroavante brasileiro deu uma paulada: a bola explodiu no poste.
A Seleção Brasileira, pelo que mostrou na segunda etapa, deu provas de que aprendeu a lição. Não se pode entrar na catimba argentina e crer, antes da bola rolar, que é mais time. Sempre tem que provar dentro de campo, ainda mais contra eles.
A vitória garante matematicamente a seleção de José Pekermán no Mundial de 2006. Agora, é torcer para nos encontrarmos na final da Copa das Confederações para dar o troco.
JEANE DA LUZ E RODRIGO CELENTEGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.