| 06/06/2005 15h37min
O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) classificou como grave a denúncia do presidente do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ), sobre um suposto esquema de mesada a parlamentares em troca de apoio ao governo no Congresso. Ele fez as declarações em evento no Rio de Janeiro, nesta segunda, dia 6.
– É muito grave. Tivemos um presidente cassado no Brasil porque o motorista disse que depositavam dinheiro na conta do laranja. Agora não é um motorista, é um deputado federal, presidente de um partido da base do governo– disse Garotinho a jornalistas, referindo-se ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.
Em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo nesta segunda, Jefferson afirma que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava uma mesada de R$ 30 mil reais a parlamentares do PP e do PL em troca de apoio em votações. Segundo Jefferon, o esquema só teria sido suspenso quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou conhecimento.
Apesar de considerar complicada a situação, Garotinho disse não torcer pelo "quanto pior, melhor”:
– Se o governo não tiver muita calma, pode perder o controle. Não quero ver a desgraça do governo. Isso pode significar a desgraça do Brasil– disse Garotinho, acrescentando que denúncia depõe contra imagem da classe política e do país, dos partidos e enfraquece as instituições.
Tanto o PT como representantes de PL e PP negaram qualquer troca de apoio parlamentar por recursos. Líderes governistas classificaram como "desesperada" a atitude de Jefferson, envolvido em denúncias de um suposto esquema de propinas nos Correios.
Para o deputado Chico Alencar (PT-RJ), também presente ao evento no Rio de Janeiro, os parlamentares que tiveram seus nomes citados por Jefferson deveriam abrir voluntariamente seus sigilos fiscal, bancário e telefônico.
– Sou favorável à quebra dos sigilos, até porque R$ 30 mil ou R$ 40 mil não somem de uma hora para outra– disse Alencar.
O deputado petista disse continuar apoiando a CPI dos Correios e lembrou que a denúncia de Jefferson já tinha circulado em Brasília.
– Como fofoca e notinhas de imprensa, essa história já tinha circulado por aí. O deputado Miro (Teixeira) já tinha falado sobre isso, mas depois disse que não poderia comentar nada, porque não tinha provas– disse o petista.
As informações são da agência Reuters.
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