| 10/05/2005 13h44min
A abertura da cúpula América do Sul-Países Árabes ganhou um tom político inesperado. Apesar dos esforços diplomáticos do Brasil de evitar a abordagem do conflito árabe-isralense de forma mais contundente, o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, disparou fortes críticas a Israel e defendeu a criação do Estado da Palestina, com Jerusalém como capital, assim como o secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa.
– Não podemos mais negar a tragédia do povo palestino. Devemos convocar a comunidade internacional para chegar a uma solução para que Israel sujeite-se às leis internacionais e se submeta ao processo de paz – afirmou o presidente argelino, que falou em nome da Liga Árabe na abertura da cúpula.
Num claro contraste das palavras do argelino, a declaração final do encontro não fará menções diretas à questão para evitar ganhar um tom de enfrentamento com Estados Unidos e Israel. Sem tomar parte em questões polêmicas, o desejo do governo brasileiro é abrir uma rede de contatos, principalmente econômicos, entre as duas regiões.
Na véspera, o ministro argelino Abdel Aziz Bel Khadem condenou "políticas de duplo sentido sobre alguns pontos de tensão no mundo" e citou a questão palestina como "negatividade" nas relações internacionais. Khadem defendeu o direito dos povos a "repudiar ocupações".
Nas negociações com a Palestina, Israel planeja retirar suas tropas e assentamentos da Faixa de Gaza, mas o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, adiou o início do plano para meados de agosto. O tema mais polêmico no processo de paz é Jerusalém, reivindicada como capital histórica dos dois povos.
– Os palestinos devem ter como capital Jerusalém, local santo para os árabes – disse Bouteflika nesta manhã.
O presidente argelino citou o combate ao terrorismo e a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) como pontos comuns entre os árabes e os sul-americanos.
– Nós precisamos pensar um sistema multilateral que garanta mais segurança – disse.
Sobraram também comparações amenas entre as duas regiões, Bouteflika lembrou a herança árabe dos povos sul-americanos e elogiou a maneira harmônica como vivem diferentes etnias no continente.
– Os árabes têm um papel importante para desempenhar nessa região, em que todas as etnias estão representadas e são respeitadas. Esse é um traço de união que pode fortalecer os laços das duas regiões – afirmou.
As informações são da agência Reuters.
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