| 03/05/2005 00h01min
O ex-primeiro-ministro haitiano, Yvon Neptune, que está preso e em greve de fome há 15 dias, se recusou a receber atendimento médico até que o governo do país caribenho retire as acusações de que ele organizou um massacre.
Neptune, de 58 anos, cujo estado de saúde foi considerado crítico por médicos da Organização das Nações Unidas (ONU), recusou uma oferta do governo de levá-lo de avião para a vizinha República Dominicana onde seria tratado e disse que as acusações contra ele terão de ser retiradas ou então ele morrerá, segundo autoridades do governo.
O ex-premiê nega alega inocência e diz que o governo interino do Haiti determinou sua prisão por razões políticas.
– O senhor Neptune disse que aceitaria ser retirado (do país) somente se todas as acusações que pesam contra ele fossem retiradas – disse Mike Joseph, porta-voz do primeiro-ministro interino Gerard Latortue em comunicado no final do domingo.
Médicos da missão de paz da ONU no Haiti, liderada pelo Brasil, disseram no sábado que as funções vitais de Neptune estão seriamente ameaçadas e que ele está próximo da morte.
O chefe de gabinete do presidente interino Boniface Alexandre, Michel Brunache, disse que o governo fez tudo o que pode para ajudar o ex-primeiro-ministro "mas não podemos obrigar o senhor Neptune a viver se ele não quiser".
Neptune foi preso em 27 de junho do ano passado e tem sido mantido na penintenciária nacional em Porto Príncipe sem ter sido formalmente acusado por um juiz. Ele serviu ao ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide, que foi forçado a se exilar em meio a uma sangrenta revolta em fevereiro do ano passado. O ex-premiê é acusado de ser o mentor por trás do que os opositores de Aristide chamam de massacre, em 11 de fevereiro de 2004 em La Syrie, a 95 quilômetros ao norte de Porto Príncipe.
Os acusadores afirmam que 50 pessoas foram mortas por simpatizantes de Aristide.
Um enviado de direitos humanos da ONU ao país, Louis Joinet, conduziu uma investigação e disse que cerca de 25 pessoas – entre opositores e simpatizantes de Aristide – foram mortas no local em fevereiro de 2004. O enviado classificou ainda as mortes de resultado de intensos combates e não de um massacre.
As informações são da agência Reuters.
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