| 19/04/2005 15h07min
O Vietnã, país mais atingido pela gripe aviária asiática, deveria começar uma ampla matança seletiva de patos e uma revisão de como os animais são criados para tentar controlar o vírus. O anúncio foi feito neste terça, 19, por especialistas em gripe.
O vírus H5N1 já matou 51 pessoas na Ásia desde o fim de 2003, incluindo 36 vietnamitas. Especialistas estão concentrando sua atenção sobre o papel de patos selvagens e domésticos como transportadores que estariam espalhando a doença em quintais e criadouros a céu aberto.
O especialista Robert Webster, do St. Jude Children's Research Hospital, no Tennessee (EUA), disse em uma conferência regional sobre a gripe do frango em Bangcoc que não vê outra alternativa para conter a doença, além do abate aos patos.
O pedido foi feito um dia após membros do governo vietnamita adiarem uma decisão sobre matar todas as aves aquáticas do Delta do Mekong que tivessem o componente H5 do vírus da gripe. O ministro da Agricultura do Vietnã, Cao Duc Phat, disse em um encontro em Hanói na segunda, 18, que os patos encontrados com o H5N1 precisam ser abatidos, mas que aqueles com o H5 deveriam ser isolados para mais exames.
Alguns funcionários do governo argumentaram no encontro que matar milhões de patos no Delta do Mekong seria custoso demais para os criadores. Um empobrecido Estado, que apelou para a ajuda internacional, diz que não espera conter o vírus antes de 2007.
Especialistas em saúde animal dizem que os patos podem levar o vírus sem manifestar nenhum sinal da doença, tornando-os um reservatório para a gripe hoje endêmica no Vietnã e em diversos outros países asiáticos. Para piorar a situação, há os antigos métodos de criação na Ásia, no quais os patos nadam livremente em plantações de arroz e em quintais, misturando-se com gansos e galinhas e espalhando a doença. Webster citou um estudo vietnamita que mostrou que a prevalência do H5N1 era de 70% quando os patos e as galinhas eram criados juntos, comparado com 8% quando as galinhas eram criadas separadamente.
A Organização Mundial da Saúde teme que o vírus, que se espalhou por uma vasta região da Ásia em 2003, passe por uma mutação em uma forma a ser transmitida facilmente entre pessoas e levar milhões a morte em uma pandemia global. Malik Perris, microbiologista da University of Hong Kong, também defendeu um amplo abate, mas disse que isso deveria ser seguido por uma completa revisão da criação de patos no Vietnã.
As informações são da agência Reuters.
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