| 27/01/2005 18h14min
A diplomacia brasileira decidiu entrar na negociação para acabar com o embargo parcial russo às carnes brasileiras. O Itamaraty enviou uma carta de três páginas ao governo daquele país dizendo não ver razões técnicas que justifiquem o bloqueio comercial.
No documento, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) diz que as missões brasileiras que foram para a Rússia negociar a questão "forneceram evidência maciça" de que as regiões exportadoras do Brasil não foram afetadas pela febre aftosa.
– Nosso entendimento indica que as condições sanitárias da pecuária brasileira não justificam tais medidas – afirmou Amorim.
A Rússia instituiu o embargo em setembro do ano passado, após casos de febre aftosa no Amazonas e no Pará, áreas não exportadoras. Posteriormente, relaxou o embargo permitindo embarques apenas do Estado de Santa Catarina, único a possuir estatus de área livre de aftosa sem vacinação.
A ação do Itamaraty atende a pedido feito pelo ministro da Agricultura Roberto Rodrigues após diversas ações da pasta terem se revelado infrutíferas. Uma fonte no Ministério da Agricultura disse que o próximo passo poderá ser uma intervenção direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso o impasse continue.
– Não há mais o que discutir. O problema é político, as razões podem ser várias, mas não temos oficialmente nenhuma explicação para o embargo. Três missões já foram para lá – afirmou Rodrigues.
A pedido do ministro, ao mesmo tempo em que era enviado para o governo russo, o documento foi repassado para representantes do setor privado brasileiro, que enviariam cópias para seus compradores no país. A idéia é que as empresas agrícolas também façam pressão para a liberação.
Segundo a fonte do ministério, Roberto Rodrigues tentou recentemente uma conversa por telefone com seu equivalente russo, mas não obteve sucesso.
As informações são da agência Reuters.
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