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 | 18/01/2005 08h24min

Participantes terão moeda própria para trocar produtos

Cédulas de 1,2 e 5 txais valem a partir do próximo dia 24

Durante o período do Fórum Social Mundial (FSM), uma nova moeda estará circulando em Porto Alegre. A novidade, entretanto, não terá valor suficiente para pagar uma passagem de ônibus ou assistir a um filme num dos cinemas da cidade.

As cédulas de 1, 2 e 5 txais (pronuncia-se "tiais") terão apenas valor nas trocas de produtos entre os participantes da quinta edição do evento, nos limites do território do Fórum e no período de 24 a 30 de janeiro. No verso da cédula, um aviso: não acumule txais. Isso porque a moeda não terá como ser trocada após o dia 30.

– Trata-se de uma moeda social lastreada em produtos – explica Ari Moraes, um dos coordenadores do Fórum Brasileiro de Economia Solidária.

Txai significa "a metade melhor de mim", "a metade de mim em você" ou "companheiro amanhã". A palavra se origina do idioma de uma tribo do Acre chamada kaxinawa. Moraes, que veio do Rio de Janeiro para participar do Fórum, trabalha exclusivamente na produção da moeda que, segundo ele, é um bônus de troca. O txai tem a função de triangular as trocas de produtos e não pode ser comprado com dinheiro.

– A pessoa vai ao banco de troca, entrega uma camiseta e recebe um lanche. Se a camiseta vale mais do que o lanche, ela receberá txais, que serão usados em outras trocas de produtos – diz Moraes.

As trocas funcionarão das 12h às 20h em dois locais: no Espaço 6 (próximo ao Praia de Belas Shopping) ou no Acampamento da Juventude. Bancas que aceitarem a moeda social terão um adesivo com a inscrição "aceitamos txai".

– A moeda social é uma resistência à concentração de renda e um estímulo à inclusão social – explica Moraes.

Para o economista Marcelo Portugal, o fundamental é saber quem avaliará a moeda social e como. O professor da UFRGS explica que, no caso de moedas como o dólar ou o real, o valor é avaliado pelo mercado ou pelos governos e cai ou sobe de acordo com a oferta e a demanda. Portugal estranha a criação de uma moeda social sem definir quem avaliará os produtos:

– Nunca ouvi falar nisso. Pode haver esse tipo de moeda de troca em pequenos grupinhos, não em larga escala. É uma invenção, um coelho que alguém tirou da cartola, como as estalecas do Big Brother Brasil e a moeda do Clube Med, que têm valor mais de marketing do que de mercado.

Veja as imagens do Fórum.

RODIMAR OLIVEIRA/ZERO HORA
 

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