| 10/01/2005 09h13min
Nesta terça, dia 11, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apertar o botão que aciona a primeira turbina da hidrelétrica Monte Claro, em Veranópolis, não será apenas um ato simbólico. Pelo menos, é o que garante Paulo Zuch, diretor superintendente da Companhia Energética Rio das Antas (Ceran): Lula vai de fato acionar as máquinas.
– As obras do complexo têm o espírito das PPPs (Parcerias Público-Privadas), embora tenham sido iniciadas antes que fosse estruturada a legislação. A iniciativa privada tem a maior participação, mas existe a presença do Estado – afirma Zuch.
O acionamento será simbólico de um ponto de vista ainda mais importante para o governo: será feito diante de investidores potenciais cujo interesse nas PPPs será crucial para o sucesso do projeto. Entre os convidados para a inauguração, estão Lázaro Brandão, presidente do conselho de administração do Bradesco, e Carlos Ermírio de Moraes, presidente do conselho de administração da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). A adequação da oferta de geração de energia no país ao consumo projetado para 2007/2008 depende de novos investimentos nos próximos anos.
O fato de mesclar interesses públicos e privados ajudou na boa recepção ao convite feito ainda em agosto de 2004 pelo governador Germano Rigotto, relata Zuch:
– Ele aceitou prontamente. Só ficamos de acertar a agenda para fazer a inauguração com a obra realmente pronta.
Monte Claro é a primeira do complexo, que inclui a operação de outras duas usinas até o final de 2007. Até o final de fevereiro, prevê Zuch, deve entrar em operação a segunda turbina. Além de ser referência nacional para o licenciamento ambiental de hidrelétricas – o impacto foi avaliado em toda a bacia Taquari-Antas –, o complexo também é exceção numa fase em que os investimentos em infra-estrutura estiveram retraídos. Licitada no final de 2000, a obra atravessou o período do racionamento (meados de 2001 ao início de 2002) e da mudança das regras do setor elétrico. O total de energia gerado pelas três usinas está contratado por mais de 20 anos pela CPFL Geração e pela CEEE e corresponde a cerca de 10% do consumo total do Estado.
Embora quase 70% da geração esteja contratada pela CPFL, empresa de São Paulo, a localização do complexo reforça o sistema elétrico do Rio Grande do Sul. Também gera ganhos para o Estado e para os municípios envolvidos. O governo gaúcho ainda festeja o fato de reduzir a compra de energia do sistema interligado, aumentando a circulação de recursos dentro do Rio Grande do Sul.
Com a estiagem que marca o início do ano no Estado, o reservatório de Monte Claro, o único já formado até agora, está com pouca água. Zuch explica que, por ter sido concebido para gerar muita energia com pouca área inundada, o lago depende de regularização diária, enquanto outros têm regularização anual, como Passo Real.
Por isso, embora a potência instalada de Monte Claro, com as duas turbinas funcionando, seja de 130 megawatts (MW), a energia assegurada – espécie de média sustentada que a hidrelétrica deve assegurar ao sistema – é de 59 MW.
MARTA SFREDO/ZERO HORAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.