Os amigos de Thomás Feltes Engel, 16 anos, e os Policiais Militares foram intimados pelo o delegado responsável pelas investigações, Marco Antônio Machado, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de São Leopoldo, e devem prestar depoimento ainda hoje. Também será realizada perícia no carro dos policiais e no Corsa. O tenente que participou da abordagem e outros dois militares foram afastados das funções. Na madrugada desse domingo, uma revista policial a três adolescentes desarmados resultou em tragédia para a família do tenista Thomás Engel. Um tiro de espingarda calibre 12, disparado às suas costas pelo tenente da Brigada Militar Paulo Sérgio de Souza, encerrou a vida de um garoto cotado entre os primeiros em sua categoria no país. A desastrosa ação da Polícia Militar, criticada por especialistas em segurança, ocorreu no centro de São Leopoldo. Pela Rua 1º de Março, Thomás e dois amigos, ambos com 15 anos, caminhavam em direção a um Corsa para buscar um telefone celular, com o plano de voltar a um dos bares da Rua Independência, onde permaneceu o motorista do carro, um jovem de 19 anos. Antes de chegar ao veículo, os três garotos foram abordados por três PMs, ocupantes de uma Blazer. – Eles já chegaram com as cabeças para fora do carro e as armas em punho. Fizeram a gente colocar as mãos na parede e ficaram com uma arma apontada para a nossa cabeça. O que abordou Thomás estava com uma espingarda. Sem que a gente reagisse, o policial disparou. No começo, achei que o tiro não tivesse atingido o meu amigo. Só acreditei quando o sangue começou a escorrer no chão – conta E., um dos adolescentes. Socorrido pelos PMs, Thomás chegou sem vida ao Hospital Centenário. Na versão dos policiais, comandados pelo tenente Paulo Sérgio de Souza (o autor do disparo), o tenista colocou as mãos nos bolsos e se virou, o que foi interpretado como uma reação. Segundo o delegado responsável pelas investigações, Marco Antônio Machado, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de São Leopoldo, o laudo preliminar mostra que o tiro acertou o adolescente sob o braço direito, dilacerando o fígado e atingindo o coração. De acordo com Machado, o tiro teria sido disparado próximo do corpo, pois o orifício de entrada é pequeno e a área estava esfumaçada, reforçando a tese.