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Polícia Federal reúne documentos sobre caso Kroll

Cinco pessoas estão presas, acusadas de envolvimento em espionagem

Um avião carregado de documentos foi enviado nesta quinta, dia 28, para a sede da Polícia Federal, em Brasília, um dia depois de agentes invadirem os escritórios da consultoria de riscos norte-americana Kroll no Brasil e prenderem executivos acusados de espionagem empresarial.

A Kroll, unidade da problemática seguradora Marsh & McLennan Cos., publicou anúncios na capa dos principais jornais brasileiros negando ter participado de qualquer atividade ilegal no país. A empresa, que diz ser a maior consultoria de riscos independente do mundo, afirmou que vai defender os diretores de sua filial paulistana, Wander Aloísio Giordano e Eduardo Gomide, e três outros funcionários detidos. Os cinco permanecem presos em São Paulo. A Kroll disse que um importante executivo da empresa – cujo nome não foi revelado – viajou dos EUA para o Brasil a fim de tentar resolver o assunto.

De acordo com o advogado criminalista Tiago Bottino, pelo fato de ter efetuado prisões, a Polícia Federal terá apenas 10 dias para terminar a perícia e anunciar se indiciará suspeitos. Depois de indiciados, o Ministério Público avaliará se abrirá processo. Ele informou que no caso de comprovação de formação de quadrilha, a pena poderá ser de até seis anos, enquanto que para a quebra de segredo de Justiça, ou seja, se ficar comprovado que pessoas do governo ou da polícia passaram informações não autorizadas para a Kroll, a pena será de dois a quatro anos. A pena por interceptação telefônica também pode chegar a quatro anos.

A Polícia Federal está investigando Daniel Dantas, dono do fundo de investimentos Opportunity, e Carla Cico, presidente da Brasil Telecom Participações, a terceira maior empresa de telefonia do país. O Opportunity é acionista majoritário da Brasil Telecom. As autoridades desconfiam que Dantas e Cico contrataram a Kroll para espionar ilegalmente seus adversários na disputa pelo controle da Brasil Telecom, que remonta à privatização das telecomunicações, em 1998. Os dois não foram encontrados para comentar o assunto nesta quinta.

A disputa entre acionistas opõe o Opportunity, que atua em parceria com o Citigroup no Brasil, a fundos de pensão de estatais e à Telecom Italia. Durante anos, os fundos de pensão das estatais e a Telecom Italia votaram como um bloco nas reuniões do conselho da Brasil Telecom, a fim de impedir que o Opportunity controlasse as operações. Eles dizem que o banco tem pouco dinheiro próprio investido na companhia, e, portanto, não teria direito a controlar as decisões.

Em julho, vários jornais e revistas disseram que Dantas e Cicco contrataram a Kroll para espionar a Telecom Italia e personalidades brasileiras de primeiro escalão com influência sobre os fundos de pensão das estatais. O objetivo seria reunir informações para as acusações de conspiração. Entre os supostos espionados está Luiz Gushiken, ex-líder sindical dos bancários e hoje ministro de Comunicação de Governo, e Cássio Casseb, atual presidente do Banco do Brasil.

A Kroll os teria espionado antes que eles assumissem cargos no governo Lula, segundo os relatos da imprensa. Ambos são muito ligados ao Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), que é o maior do gênero no país e um importante acionista da Brasil Telecom.

As informações são da agência Reuters.

 

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