Deu a lógica. A vitória do Inter por 3 a 1 no Gre-Nal 363 foi a vitória de um time que jogou com concentração, aplicação e sobriedade contra um adversário aos pedaços. O Grêmio passou uma semana conflituosa, seus jogadores brigaram nos treinos e fora deles, seu técnico criticou duramente a equipe e chegou a ameaçar com um pedido de demissão. O clássico do Estádio Olímpico só poderia acabar como acabou.

O Grêmio até que jogou melhor no primeiro tempo. Criou chances de marcar aos dois minutos com Arilson, aos 23 com Marcelinho, aos 28 de novo com Arilson, e aos 35 com Christian. O Inter estava envolvido, era empurrado para trás e não conseguia armar um bom lance de ataque. Então, uma única escapada mudou a partida: aos 43 minutos, Chiquinho, o melhor em campo, viu Diego se infiltrando na área e enfiou a bola pelo meio da zaga gremista. Claudiomiro chegou atrasado, derrubou o jogador do Inter e foi expulso de campo.

Tendo um jogador a menos em campo, o Grêmio voltou para o segundo tempo com uma surpresa: Anderson, de 16 anos, entrou em lugar do desanimado Fábio Pinto. Uma boa troca. O jovem jogador descoberto por Cuca nos juniores eletrizou o meio-de-campo gremista, demonstrou ambição e ousadia e fez com que o Grêmio crescesse em campo.

Mas o Inter tinha um contraponto: Rodrigo Paulista havia substituído Cleiton Xavier. E foi Rodrigo Paulista quem mudou a partida, investindo sobre a defesa adversária, forçando o ataque, tornando mais agudo o time colorado. Aos 11 minutos, Rodrigo Paulista participou do lance que originou o gol. Chiquinho foi à linha de fundo, cruzou para Paulista tentar o arremate, a bola bateu nele, encontrou o travessão e voltou para Diego empurrar para a rede: 1 a 0.

Como disse o técnico Cuca: esse lance mudou todo o panorama do jogo. O Inter passou a dominar a partida, a tocar a bola, a criar oportunidades de ampliar. E ampliou: aos 28 minutos, Chiquinho cobrou escanteio da direita e Fernandão, que havia participado pouco do jogo, cabeceou na primeira trave: 2 a 0.

Dez minutos depois, quando o Grêmio começava a reanimar, o terceiro golpe. Num contra-ataque pela direita, Paulista limpou o lance na frente de Baloy e chutou forte fazendo 3 a 0. O desconto do Grêmio foi um prêmio ao jovem Anderson. Numa cobrança de falta aos 46 minutos, Christian escorou para ele, que bateu de esquerda e marcou. Mas nem isso compensou a torcida, que deixava o estádio abatida, debaixo da chuva inclemente e da gozação do torcedor adversário, que gritava, pressago:

– Ão, ão, ão, segunda divisão!

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DAVID COIMBRA