| 30/04/2004 17h57min
Em resposta ao “Abril Vermelho”, como ficou conhecida a série de protestos de trabalhadores rurais pela reforma agrária ocorrida ao longo do último mês, 350 produtores filiados a 15 sindicatos rurais do Rio Grande do Sul prometem um “Maio Verde", na tentativa de evitar a ocupação de mais terras. Nos últimos 30 dias, cerca de cem propriedades em 17 Estados brasileiros foram ocupadas por 28 mil famílias.
Para o vice-presidente da Federação dos Agricultores gaúchos, Gedeão Pereira, as ações do MST representam “ódio contra o Rio Grande do Sul verde, que significa alimento, fartura e esperança dos produtores rurais”. A estratégia prevê a montagem de estruturas de monitoramento e observação constante dos acampamentos do MST na região, não apenas neste mês de maio, mas “no tempo que for necessário”. Nos demais Estados, os sindicatos dos ruralistas não informaram como será a reação às ocupações de terras.
A expressão "Abril Vermelho" foi cunhada pelo coordenador de um dos principais movimentos de luta pela reforma agrária, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), João Pedro Stédile, para a decisão de “infernizar” o governo a fim de pressioná-lo, com a volta das bandeiras vermelhas às ruas, a cumprir suas promessas em relação à posse da terra.
As maiores ocupações do mês de abril foram registradas em Pernambuco, com o envolvimento de 8.275 famílias, e na Bahia, com 4.360, conforme dados divulgados pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo. A entidade congrega mais de 40 representações de movimentos que lutam pela causa, com destaque para a Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Igreja Católica, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
O secretário-executivo do fórum, Gilberto Portes de Oliveira, e o presidente da CPT, Dom Tomás Balduíno, não pretendem ficar indiferentes caso as ameaças dos produtores rurais se concretizem.
– Nós os desafiamos: vão para a rua e mostrem a cara, para que a sociedade veja quem são os responsáveis pelos assassinatos no campo, pelo trabalho escravo e pela violência generalizada no país – afirma Oliveira.
Na opinião do deputado federal Abelardo Lupion (PFL-PR), ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), não há necessidade de ir para a clandestinidade e para a marginalidade.
– Vamos buscar os nossos direitos na Justiça e não podemos dar o mau exemplo, entrar no jogo deles – disse.
Mas o Maio Verde já tem ações definidas. Começará no dia 18 em São Gabriel (RS), de onde partirá uma carreata com chegada prevista para o dia 24, em Porto Alegre, depois de passar por diversos municípios gaúchos. Para o dia 25 está marcado ato público em frente à sede da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul.
As informações são da Agência Brasil.
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