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Seca prejudica venda de máquinas agrícolas no Rio Grande do Sul

Indústrias esperam melhorar negócios com participação na Agrishow 2004

Com colheitadeiras, tratores e implementos parados nas concessionárias, à espera de compradores mais preocupados com os efeitos da estiagem, indústrias de máquinas do Rio Grande do Sul vislumbram a perspectiva de bons negócios a mais de mil quilômetros do território gaúcho. Pelo menos 84 empresas locais armaram estandes na Agrishow Ribeirão Preto, que começa na segunda-feira, com a previsão de atingir um faturamento de R$ 1,2 bilhão.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas do Estado (Simers), Cláudio Bier, a situação se agravou a partir de março, quando os agricultores gaúchos - especialmente os que plantam soja - passaram a amargar os efeitos da longa seca que atinge o sul do país. 

– Houve uma reversão de expectativa. Em janeiro e fevereiro, as concessionárias entregaram os pedidos que estavam em carteira e festejavam o bom preço da soja. Em março e abril, os produtores passaram para a retranca, alimentando dúvidas sobre o que poderão colher – observa Bier.

O Simers ainda não tem números que mostram essa reversão, mas Bier garante que muitas lojas venderam abaixo da média neste mês. A situação não é pior porque, ao contrário da soja, o arroz foi bastante beneficiado com o clima seco. Além disso, muitos sojicultores estão capitalizados porque venderam a safra passada e parte da que está sendo colhida por um preço poucas vezes tão atrativo.

Nas revendas, a situação é de espera. Na Augustin, com sede no município de Não-Me-Toque, no Planalto Médio, poucos negócios foram fechados nas últimas quatro semanas.

De acordo com o diretor comercial da empresa, Ernani Lange, o mês de abril é sempre propício para as vendas, mas desta vez os negócios minguaram. Até quarta-feira, a loja tinha vendido apenas 10 tratores. A média do mesmo período em outros anos chegava a 30 unidades. 

– Além da estiagem, os produtores estão preocupados com os recursos para as culturas de inverno, especialmente o trigo e a cevada – explica Lange.

Outros grupos comerciais já corrigem a expectativa de vendas de máquinas em 2004. Na Redemaq, de Santo Ângelo, o ano começou bem nos dois primeiros meses, mas graças aos pedidos fechados em 2003.

O diretor da concessionária, Carlos Alberto Pippi, salienta que a revenda já está trabalhando com uma redução de 30% nas vendas, na comparação com a expectativa inicial. 

– É um índice realista, porque a partir de abril o produtor passou a adotar uma postura mais conservadora na hora de comprar. Só estão vindo na loja os produtores de soja capitalizados e aqueles que foram bafejados pela sorte com a incidência de chuva nas suas lavouras – diz Pippi.

Isso explica, por exemplo, a situação de tranqüilidade vivida na loja Agrofel, de Palmeira das Missões, que manteve praticamente intacto o perfil de vendas de implementos agrícolas - como plantadoras e pulverizadores - neste ano na comparação com 2003. A negociação mensal de cinco unidades de cada produto foi mantida. Segundo o gerente da Agrofel, André Colete, a estiagem não foi tão intensa na região e existe muito produtor de soja com dinheiro no bolso. 

– Mas na nossa filial de São Luiz Gonzaga, que vende tratores e colheitadeiras, os negócios caíram bastante – pondera Colete.

As informações são do jornal Zero Hora.

 

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