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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros mais próximos a ele passaram o fim de semana empenhados em apagar o mais novo foco de incêndio dentro do governo. Desta vez, a crise colocou em rota de colisão dois nomes importantes da equipe: o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e seu colega do Planejamento, Guido Mantega.
A crise eclodiu no final de semana, quando se tornou público um desabafo de Rodrigues em reunião com parlamentares da bancada do Nordeste. Declarações pesadas de Rodrigues contra o colega foram publicadas em duas colunas de assuntos políticos do jornal O Globo. Irritado com um chá de banco de seis meses que vinha ganhando de Mantega, Rodrigues teria dito a frase publicada no jornal:
– Eu mandei o vagabundo do Guido Mantega para a PQP. Minha cota com esse governo se esgotou.
O vazamento do conteúdo da reunião levou o Palácio do Planalto a agir rapidamente. O secretário de Comunicação do Governo, Luis Gushiken, liderou a operação para apaziguar os ânimos. Rodrigues também manteve uma série de contatos com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que anotou a extensa lista de problemas enfrentados pela Agricultura. Lula deve se reunir, provavelmente nesta terça, dia 23, com Rodrigues e pedir que ele fique no governo. Rodrigues deve estipular um prazo de 10 dias para que seja resolvido o problema de falta de recursos para o pagamento do reajuste dos fiscais da Agricultura, que interromperam a greve.
No final de semana, Rodrigues emitiu nota afirmado que não pretendeu ofender Guido Mantega e negando que tenha usado o termo vagabundo, mas confirmou as críticas ressaltando que "as declarações refletem a extrema preocupação, sobretudo com a busca de uma solução para a greve dos fiscais do Ministério da Agricultura".
O ministro também coloca panos quentes na polêmica. Diz que a suspensão da greve contou com a "valiosa colaboração do ministro do Planejamento". Ainda no texto, Rodrigues diz lamentar que o episódio tenha sido usado "para criar problemas políticos ao governo do presidente Lula, de quem sempre recebi inúmeras provas de apoio e reconhecimento pelo meu trabalho".
Rodrigues reclama de falta de sustentação política para aproveitar a abertura de mercado internacional aos produtos da agroindústria brasileira e avalia como lenta a ação do Ministério do Planejamento para negociar o fim da greve dos fiscais agropecuários. Apenas na última sexta-feira, depois que US$ 500 milhões em produtos deixaram de ser exportados, Mantega teria acenado com uma proposta para os fiscais, que suspenderam a greve por 10 dias e negociam hoje com o governo o índice de reajuste.
O Ministério do Planejamento informou que Mantega não se pronunciaria sobre o episódio. A assessoria também destacou que Mantega não foi chamado a participar de qualquer reunião com Lula para tratar do caso.
A assessores, ele teria dito que estava surpreso com as declarações de Rodrigues. O ministro do Planejamento afirmou a interlocutores não acreditar que o colega da Agricultura seria capaz de "uma grosseria tão grande". O que mais teria surpreendido Mantega, além dos comentários grosseiros, é a versão de que Rodrigues não é recebido no Planejamento há mais de seis meses. Segundo assessores, Mantega considera o colega um dos membros mais importantes do ministério e, por isso, não só o recebe como fala com ele ao telefone sempre que necessário.
As informações são do jornal Zero Hora.
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