| 27/01/2004 11h35min
O ex-ministro da Educação Cristovam Buarque fez a transferência do cargo para o novo ministro Tarso Genro na manhã desta terça, dia 27, em Brasília. Cristovam foi demitido na sexta, dia 23, por telefone, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele acredita que seu comportamento polêmico e contestador tenham contribuído para a decisão do presidente.
Em um discurso emocionado, Cristovam reconheceu que sua gestão foi curta, mas afirmou estar feliz por passar o ministério para uma pessoa com a educação, o preparo e a força política de Tarso Genro. O ex-ministro disse também que continuará sua atuação como militante da educação no Senado.
– Tenho certeza de que a história vai se lembrar de mim como aquele ministro que ficou entre o Paulo Renato (que ocupou o cargo no governo de Fernando Henrique Cardoso) e o Tarso Genro – disse.
Cristovam afirmou acreditar que esse é o momento de fazer o Brasil crescer e mudar a educação. Ele não demonstrou ressentimentos pela demissão feita por Lula, por telefone. Lembrou que o país precisou de 500 anos para ter um presidente como Luiz Inácio Lula da Silva, com seu passado, sua formação polícia e seu partido.
– O momento é esse e é possível, e precisamos ter um ministro, que é Tarso, escolhido por Lula, que tenha todas as condições e vontade de fazer aquilo que o Brasil espera.
Durante a entrevista coletiva, o ex-ministro disse ainda que parece não ter conseguido lidar com a Casa Civil, onde seus projetos paravam. Cristovam admitiu que pode não ter tido a competência ou a dedicação necessária para fazer seus projetos andarem e provocou o governo ao dizer que, se foi capaz de reformar a Constituição para tirar direitos dos aposentados, também poderia tê-la mudado para garantir que todas as crianças do país tivessem direito à escola.
– Grande parte das propostas que eu fiz e formalizei, paravam. Não vou dizer que paravam apenas porque não deram importância na Casa Civil. Acho que também porque eu dediquei pouco tempo a fazer com que andassem lá dentro. Eu acho que eu deveria ter dedicado mais tempo a esse trabalho de fazer as coisas fluirem na Casa Civil – reconheceu.
No final do discurso, o ex-ministro, que agora retomará suas atividades como senador pelo Ceará, fez um apelo aos demais senadores, ao partido, a Tarso e a Lula, para que contem com ele para ajudar o Brasil.
– Se conseguimos alfabetizar 3 milhões em 2003, vamos conseguir fazer o resto – concluiu.
Em seu discurso de posse, Tarso afirmou que concluirá o que foi iniciado e que a reforma universitária continua a ser uma prioridade. Para isso, pediu a colaboração de reitores, professores e funcionários do ministério.
Nesta manhã, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, Tarso reiterou sua posição favorável à reserva de vagas para negros nas universidades, mas insistiu que esta é apenas uma alternativa que não acaba com o verdadeiro problema de ingresso no ensino superior: a exclusão social.
Com informações da Globo News TV.
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