| 12/01/2004 10h55min
Em entrevista ao programa Atualidade da Rádio Gaúcha, nesta segunda, dia 12, o senador Paulo Paim falou sobre a entrada dos peemedebistas no primeiro escalão do Executivo federal. O senador afirmou que o PMDB oficializou sua entrada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas que a decisão final sobre os nomes ficará a cargo do presidente. Paim justificou a atitude do governo chamando o partido de "o fiel da balança". Segundo ele, não se vota nada no Congresso sem o apoio da legenda:
– Todas as matérias seriam derrotadas se o PMDB resolvesse votar com a oposição – disse.
Paim explicou que, assim como há interesse do partido em ampliar sua participação no governo com a reforma ministerial e contribuir com a governabilidade, o interesse maior é por parte do próprio governo que o PMDB apóie as decisões e ajude na aprovação de matérias consideradas importantes no Congresso. A grande questão, segundo ele, é quem irá assumir cargos e quem sairá.
– São levantadas inúmeras hipóteses, mas só o presidente Lula poderá das a palavra definitiva.
Segundo ele, há 12 peemedebistas que poderiam ser ministros. Paim lembrou que o ministério das Comunicações, assim como o dos Transportes, são os dois mais cotados para o PMDB. Nas Comunicações, sairia o ministro Miro Teixeira, para entrar o líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE). Para Paim, Oliveira seria hoje o mais cotado, por ser um dos líderes do partido e ter uma das cadeiras "mais cativas" na legenda.
– Aí se levanta essa possibilidade de um dos ministérios. Também se levanta a possibilidade do senador Hélio Costa, depois de Eunício.
No Ministério da Integração Nacional, Ciro Gomes cederia o lugar para Garibaldi Alves, do Rio Grande do Norte. Paim afirmou ter se encontrado com Garibaldi Alves pessoalmente, que estaria entusiasmado com a possibilidade de assumir uma pasta no governo Lula. Embora saiba da existência de simpatia pelo seu nome, ele teria afirmado não ter sido convidado até o momento. Caso Garibaldi assuma um ministério, Ciro Gomes deverá ser recolocado em outra pasta. Segundo Paim, Ciro Gomes é um dos ministros de maior credibilidade junto ao presidente Lula.
– Ele tem uma postura grandiosa e demonstra muita competência. Deve haver uma "arrumação nas cadeiras", mas ele não deve sair do governo.
Paim também descartou a possibilidade das alterações promovidas pelo ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, serem posteriormente desautorizadas pelo presidente Lula. O senador acredita que, na negociação que está fazendo, Dirceu está bem articulado com o governo e com entendimento e diálogo com o presidente. Ele também descartou que um novo ministro fosse nomeado para auxiliar Dirceu na coordenação de governo.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, na edição deste domingo, dia 11, Lula disse que estava muito satisfeito com a articulação política de Dirceu, mas que faltavam "pernas" para o ministro tocar simultaneamente a articulação e a coordenação de governo. Dirceu, por sua vez, insiste em ficar com a coordenação de governo nas mãos.
Na noite deste domingo, depois de duas horas de conversa, representantes da cúpula do PMDB e do PT deixaram a casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), com discursos opostos sobre a reforma ministerial. Enquanto José Dirceu afirmou que as negociações com o PMDB estão consolidadas, faltando apenas a decisão final do presidente Lula, o presidente nacional da bancada, Michel Temer (PMDB-SP), garantiu que nenhum "cenário" está definitivo.
– Vamos aguardar o presidente Lula voltar de viagem e seguramente seremos chamados para uma nova conversa – informou Temer.
Além de garantir acordo com os peemedebistas, o ministro da Casa Civil explicou que a aliança, além de ser política, é estratégica, pois visa as eleições de 2004. Dirceu não informou, no entanto, o número de ministérios e os novos nomes que serão ocupados pelos peemedebistas.
– Eu só posso dizer que houve acordo total entre nós nessa reunião, mas a decisão final será do presidente Lula.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), confirmou, ao deixar a reunião, que duas pastas foram oferecidas ao partido. A escolha do líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), para comandar o ministério das Comunicações é dada como certa. Além de Eunício, nas Comunicações, a bolsa de apostas nos meios políticos aponta o Ministério da Previdência Social como a outra pasta a ser entregue ao PMDB.
Com informações da Rádio Gaúcha e Agência Brasil.
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