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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, rechaçou nesta quarta-feira críticas de que os mercados financeiros estariam excessivamente eufóricos, enquanto vigora o pessimismo na economia real. Em depoimento na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Meirelles lembrou que no ano passado os mercados já refletiam as incertezas sobre a economia "bem antes da indústria".
– Por sua própria natureza, os mercados financeiros são mais sensíveis a oscilações da economia e se antecipam aos outros setores – afirmou ele.
Segundo Meirelles, a alta da bolsa de valores de São Paulo – que encontra-se nos maiores patamares desde o início de 2000 – reflete uma expectativa de melhora dos lucros das empresas, "o que a médio prazo se traduzirá no crescimento da taxa de investimento e da capacidade produtiva".
O presidente do BC acredita também que o país fechará o ano com superávit em transações correntes, o que não acontece desde 1994. O Banco Central contabilizou, de janeiro a setembro deste ano, saldo de US$ 3,8 bilhões no balanço de pagamentos, que mede a diferença entre todo dinheiro que sai e que entra no Brasil.
No depoimento, Meirelles procurou destacar as boas perspectivas para a performance econômica do país. Segundo ele, vários dados já estão mostrando uma retomada da atividade.
– Há muitos anos o Brasil não reunia condições tão favoráveis para ingressar em um processo de crescimento sustentado sem gerar, como no passado, desequílibrios nas contas externas ou pressões inflacionárias – disse.
Ao destacar os resultados das contas externas, Meirelles afirmou que o investimento estrangeiro direto está sendo retomado, após o período de retração provocado pela crise do ano passado.
– Tudo indica que se trata de um processo consistente de retomada, que estará se prolongando no futuro próximo – disse.
Meirelles confirmou ainda que o governo brasileiro está mantendo conversações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo em vista a possível renovação do acordo do país.
– Uma coisa é certa: independentemente da decisão a ser tomada em relação ao Fundo, nossa posição atual é muito confortável e não teremos dificuldades para financiar nossas contas externas em 2004 – acrescentou ele.
A missão do Fundo encontra-se no país para a quinta revisão do atual acordo e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou no dia anterior que o governo começou a tratar sobre a possibilidade de um novo acordo.
As informações são da agência Reuters.
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