| 22/10/2003 19h41min
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central refletiu as expectativas do mercado e reduziu a taxa Selic em um ponto percentual nesta quarta, dia 22. Com a decisão, a taxa básica de juros da economia passa de 20% para 19% ao ano, sem viés – o que significa que ela não poderá ser alterada antes da próxima reunião, em novembro. Esta é quinta baixa consecutiva dos juros promovida pelo Copom. Comportamento tranqüilo da inflação, câmbio abaixo de R$ 2,90 e recuo do risco-país nas últimas semanas, para a casa de 600 pontos justificam a baixa da Selic.
Em nota, o Banco Central informou que o Comitê "tendo em vista análise da conjuntura econômica, abrangendo nível de atividade, avaliação prospectiva das tendências da inflação, evolução dos agregados monetários, finanças públicas, balanço de pagamentos, estado de liquidez monetária e as operações do Banco Central, avaliou as diretrizes da política monetária em consonância com os dados observados"
Horas antes do anúncio do Copom, o vice-presidente da República, José Alencar, acostumado a criticar as altas taxas de juros mantidas pelo governo federal, disse que o problema no Brasil é "cultural".
– O problema nosso de juros é cultural. Tem que mudar, porque senão o Brasil não volta a crescer. E para crescer as atividades produtivas têm que remunerar com vantagem o custo de capital. Enquanto isso não acontece, o país não pode crescer porque não há investimento em atividade produtiva – afirmou Alencar.
Pivô de constrangimentos para o governo na questão desde o início do ano, quando atacava a política de juros altos para conter a inflação, Alencar evitou falar sobre qual seria o corte necessário. Disse apenas que a taxa básica Selic é "muito alta, altíssima".
Para ele, é preciso começar um movimento nacional de conscientização para que haja pressão pela queda dos juros.
– Há uma transferência de renda como nunca aconteceu na história. Não é hoje, é nos últimos anos. Toda renda é transferida para o sistema financeiro de uma forma equivocada – afirmou.
Alterações na Selic afetam a vida de todos os brasileiros. Isso ocorre porque a taxa baliza os juros cobrados no mercado por bancos e financeiras, ou seja, pode indicar aumento ou redução nas correções do crediário, empréstimo pessoal e em todas as modalidades de financiamento.
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