| 07/10/2003 16h12min
O deputado federal Fernando Gabeira explicou nesta terça, dia 7, que sairá do Partido dos Trabalhadores (PT) devido a um conjunto de divergências que o deixavam em situação constrangedora com o seu eleitorado. De acordo com ele, as discordâncias se concentram sobretudo na questão ambiental. Gabeira declarou que a gota d'água para seu afastamento foi a invasão do Parque Nacional do Iguaçu (PR) por dois prefeitos e um deputado federal do PT. Eles reivindicam a reabertura da Estrada do Colono, que tem 18 quilômetros de extensão e cruza o parque onde se localizam as Cataratas do Iguaçu.
– Eles disseram ter apoio do governo e na minha opinião seria necessário que o governo e o PT se manifestassem claramente sobre isso, uma vez que o parque é Patrimônio da Humanidade e não podemos deixar que uma estrada seja construída à revelia da lei – disse.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Gabeira informou que somam-se a esse motivo a liberação do plantio de transgênicos sem nenhuma regra, o não posicionamento do governo federal na visita a Cuba na questão da violação dos direitos humanos. Além disso, o deputado afirmou que o retardamento dos trabalhos de interiorização das regras do protocolo de Kyoto e o episódio rápido da suspensão da proibição da propaganda de cigarro em São Paulo contribuíram para a sua saída.
– O Brasil é o único país do mundo que aprovou a plantação e comercialização dos trangênicos sem nenhuma regra, ao contrário de outros países como Canadá, Argentina e também Estados Unidos – afirmou.
– Formulamos em conjunto um programa ambiental e alguns pontos desse programa não estão sendo respeitados. O primeiro aspecto que nos dividiu foi a decisão de importar pneus usados do Uruguai e do Paraguai. Depois há lentidão na demarcação das terras indígenas e alguns problemas no Norte, onde entraram para o Partido dos Trabalhadores (PT) alguns políticos que são adversários das nações indígenas, especificamente o governador de Roraima – confessou Gabeira, fazendo referência a Flamarion Portela (PT).
O parlamentar ainda não decidiu para qual partido irá e acredita que poderá por um tempo trabalhar sozinho. Na semana que vem, o deputado vai enviar uma carta à direção do partido formalizando a decisão de deixar a sigla, após dois anos de filiação. Ele fará um discurso em plenário para explicá-la.
Apesar de sair do partido, ele declarou que deverá continuar votando com o PT, pois não teria se elegido sem os votos da legenda.
As informações são da Rádio Gaúcha e Agência Brasil.
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