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O primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, deu um ultimato ao Parlamento local: que o apóie ou o demita. O premiê está envolvido em uma disputa de poder com o presidente Yasser Arafat.
Prometendo se empenhar para salvar o plano de paz norte-americano para a região, Abbas pediu mais poderes na área de segurança, o que ele considera vital para o sucesso diplomático dos palestinos. Arafat resiste em ceder essa prerrogativa.
Abbas, 68, foi nomeado para o cargo em abril pelo próprio Arafat. Ele tem grande apoio internacional, mas, domesticamente, não tem o carisma de seu rival. Carente de popularidade, ele evitou pedir um voto de confiança do Parlamento.
Simpatizantes de Arafat fizeram manifestações contra Abbas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. O presidente do Parlamento, Ahmed Korei, disse que 15 dos 85 deputados firmaram uma petição em prol do voto de confiança. Ainda não houve uma decisão sobre o assunto.
A eventual demissão de Abbas no Parlamento, que é dominado por simpatizantes de Arafat, poderia enterrar definitivamente o plano de paz, já ameaçado pela atual onda de violência.
Numa concessão aos deputados, Abbas afirmou que os problemas da divisão de poderes precisam ser resolvidos urgentemente e disse que está pronto para deixar o cargo se isso não acontecer.
– Ou ofereçam a possibilidade de forte apoio para cumprir [o mandato], ou me tirem – disse ele ao Parlamento.
Numa aparente tentativa de resolver a crise, os parlamentares convocaram para o sábado uma sessão a portas fechadas para ouvir o relato de Abbas a respeito de sua disputa com Arafat.
Falando em tons suaves, Abbas culpou Israel pela falta de progressos no processo de paz e disse que os Estados Unidos não se empenham em conter as agressões cometidas pelo Exército israelense.
– Reiteramos que vamos manter nossos esforços para restaurar a calma.
Os Estados Unidos querem que Abbas assuma o controle da segurança nos territórios palestinos, pois Washington entende que só assim haverá repressão aos militantes violentos.
Um panfleto distribuído em Ramallah pela facção Fatah, de Arafat, acusou Abbas de atuar como um fantoche de Israel e dos Estados Unidos, e por isso pedia sua demissão.
No campo de refugiados de Khan Younis, na Faixa de Gaza, uma manifestação reuniu cerca de mil pessoas aos gritos de "Apoiamos as decisões de Arafat".
Para tornar ainda mais tensa a situação, um grupo militante ligado à Fatah assumiu parcialmente a autoria de uma emboscada ocorrida na Cisjordânia pouco antes da reunião parlamentar.
O Exército de Israel disse que atiradores palestinos abriram fogo contra uma patrulha que fazia prisões nos arredores de Jenin, matando um soldado.
No seu discurso, Abbas demonstrou um certo pessimismo quanto ao futuro do plano de paz.
– Direi a vocês francamente que nossas sérias tentativas de conseguir um mecanismo que
ressuscite o caminho político com os israelenses não atingiram a resposta
suficiente – afirmou.
– Não acho que alguém no mundo discorde de mim quando digo que o lado israelense é responsável por isso.
Israel atribui a violência aos palestinos e diz que a trégua na região fracassou por causa do atentado suicida que matou 21 pessoas em um ônibus de Jerusalém em 19 de agosto.
Abbas cobrou também mais empenho do quarteto de mediadores formado por Estados Unidos, Rússia, União Européia e ONU. Ele pediu ainda que Washington pare de isolar Arafat, acusado pelos EUA e por Israel de fomentar a violência – o que o presidente palestino nega.
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