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 | 09/07/2003 21h58min

Crescem apostas de corte dos juros por conta da deflação

IPCA e IGP-DI apontam variação negativa de preços no varejo e no atacado

Motivados pela divulgação de dois índices de preços – IPCA e IGP-DI – nesta quarta, dia 9, confirmando a deflação em junho, os investidores aumentaram as apostas em redução dos juros. Parte do mercado já projeta a possibilidade de corte de até dois pontos percentuais da taxa básica (Selic), hoje em 26% ao ano. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) que definirá se o percentual será alterado ou mantido será nos dias 22 e 23 deste mês.

Na tarde desta quarta-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que mostra a variação de preços no atacado, no varejo e na construção civil, recuou 0,70%. Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia divulgado uma deflação de 0,15% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede apenas preços ao consumidor e é o índice de referência para o sistema de metas de inflação do governo.

O resultado do IGP-DI de junho é a maior deflação do índice desde setembro de 1995. Em maio, o IGP-DI recuou 0,67%. No ano, o IGP-DI acumula alta de 4,51% e, nos últimos 12 meses, de 26,94%. O Índice de Preços por Atacado (IPA), com peso de 60% no cálculo do IGP-DI, apontou deflação de 1,16%, após queda de 1,68% em maio.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), responsável por 30% do cálculo, saiu de alta de 0,69% em maio para deflação de 0,16% em junho. Não havia deflação no IPC-DI desde junho de 2000. Já o Índice Nacional de Custos da Construção Civil (INCC), que representa 10% do total do IGP-DI, teve elevação de 1,05%, após alta de 2,84% em maio.

Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve em junho sua primeira queda em mais de quatro anos e meio, registrando deflação de 0,15% após uma alta de 0,61% em maio. A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Somado ao índice de junho, o IPCA acumula alta de 6,64% no ano e, em 12 meses, 16,57%. Esta foi a primeira deflação do índice ao consumidor desde novembro de 1998, quando foi registrada queda de 0,12%, e a maior desde setembro de 1998, quando foi de 0,22%.

Reduções nos preços da gasolina, álcool e alimentos contribuíram de forma significativa para a queda do índice. A gasolina, com - 4,94% de variação, exerceu o principal impacto individual negativo no mês (-0,22 ponto percentual), seguida do álcool, cujos preços chegaram a cair 12,14%, gerando impacto de -0,15 ponto percentual. A queda dos preços dos alimentos foi de 0,34%, com reflexo de -0,08 ponto percentual no índice. Os destaques foram o recuou dos custos do tomate (-25,02%), da cebola (-21%), da cenoura (-16,01%), do açúcar cristal (-10,95%) e da batata inglesa (-9,18%). O preço do arroz, que havia subido 14,46% em maio, teve alta menor, de 6,2%, em junho.

De acordo com a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos, a deflação pode simbolizar o início da trajetória de queda do indicador acumulado nos 12 meses.

 

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