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O vice-presidente José Alencar voltou a espetar a política monetária do governo. Em palestra a empresários na Associação Comercial de São Paulo, nesta segunda, dia 16, ele centrou fogo nos efeitos colaterais dos juros altos.
– O país não está em recessão, mas a economia está parada, correndo o risco de entrar em recessão – disse o vice-presidente, para logo emendar:
– Estamos em um momento ameaçador.
Depois de abrir o discurso com a promessa "juro que não vou falar de juros", Alencar jurou também que não era por ordem do Planalto:
– O governo nunca falou que eu não posso falar. Quem reclama são pessoas de fora do governo.
O vice-presidente procurou também afastar os rumores de que a bem-sucedida parceria de campanha com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria desafinando. Mas voltou a se queixar dos efeitos duros da política comandada pelo Banco Central sobre o setor produtivo, do qual
se arroga o título de porta-voz, desde a campanha.
– O Brasil precisa ter um custo de capital no nível dos países com os quais compete – disse Alencar, sócio da Coteminas, empresa do setor têxtil que produz as marcas Artex e Santista.
Depois de sucessivas críticas à política de juros altos, o vice-presidente transformou-se no último remanescente no coro dos descontentes que chegou a se formar no governo. No início do mês, quando ocupava interinamente a presidência, se pronunciou favoravelmente à adoção de um cunho político na condução das decisões sobre a taxa básica da economia. A idéia desagrada o mercado, que clama pela autonomia do Banco Central.
No discurso desta segunda, porém, não fez menção direta à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que ocorre nesta semana. Na quarta, o Copom redefine o rumo para a taxa básica, atualmente em 26,5% ao ano.
As informações são da Agência Reuters.
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