| 10/06/2003 21h
O PT irá vivenciar nesta quarta, dia 10, uma situação atípica. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentará pela primeira vez no comando do Palácio do Planalto uma manifestação contra a reforma previdenciária, promovida por servidores públicos, base eleitoral do partido.
– Administrar é administrar conflitos. Alguns podem ser resolvidos, outros não – disse o líder do PT na Câmara, deputado Nelson Pellegrino (BA), ao comentar o episódio.
São esperadas entre 20 mil e 30 mil pessoas em Brasília na manifestação organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). Os manifestantes vão se reunir em frente à Catedral de Brasília durante a manhã e depois devem marchar até o Congresso.
A comitiva gaúcha em Brasília será composta por mais de 400 servidores públicos. Em Porto Alegre, a principal atividade em defesa da Previdência está marcada para as 14h. No Teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa, representantes de mais de 25 categorias do funcionalismo público municipal, estadual e federal realizarão um protesto contra a proposta de reforma.
As manifestações na Capital, entretanto, já começaram nesta terça, no Aeroporto Internacional Salgado Filho. Representantes do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) e do Sindicato dos Servidores do Ministério da Fazenda (Sindifaz) aproveitaram o embarque de deputados federais para Brasília e distribuiram um documento com 49 páginas, no qual analisam a situação da Previdência Social. O parlamentares que presenciaram o ato ouviram as reivindicações e prometeram levar o documento para análise.
Sem espaço na agenda para atender a comitiva de trabalhadores que compõe sua base eleitoral, Lula transferiu aos ministros da Casa Civil, José Dirceu, da Previdência, Ricardo Berzoini, e da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci,a tarefa de apaziguar os ânimos dos manifestantes.
Os petistas vivem um verdadeiro dilema: participar de um movimento ao lado dos trabalhadores ou ficar do lado do Palácio do Planalto. A ambiguidade pode ser observada até mesmo nas declarações.
– Não há autorização, mas os deputados não estão proibidos de ir ao evento – disse o deputado Professor Luizinho (PT-SP). – Eu até iria mas não vou porque a minha atitude pode ser vista como provocação.
A liberdade, no entanto, é vigiada. Os que vão ao encontro não poderão falar em nome do partido nem contra o governo. Pellegrino será o único a falar em nome do partido.
– O PT vai dizer que apóia as reformas, mas que está apresentando emendas para melhorar o texto –, disse.
A senadora Heloisa Helena (PT-AC) deverá participar da manifestação e, nesta terça, já incitou uma platéia que participava de um debate sobre as reformas a fazer manifestações populares.
– Se não houver uma manifestação popular muito grande, o Congresso não muda as reformas – disse a senadora, que corre o risco de expulsão do PT.
Apesar da caravana de servidores que começa a ocupar a Esplanada dos Ministérios, oficialmente a CUT alega que o movimento não é um ato contra a reforma previdenciária, mas tem o objetivo de apresentar emendas ao texto do governo.
– O que nós queremos é apresentar emendas fundamentais para que a reforma da Previdência seja justa do ponto de vista social – disse um assessor do presidente da central sindical João Felício.
A CUT quer entregar suas propostas de emenda aos presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ao ministro da Previdência Social Ricardo Berzoini.
Entidades representativas dos técnicos e auditores da Receita Federal vão participar dos eventos, mesmo não sendo filiadas à CUT. As entidades defendem que o texto da reforma seja rejeitado.
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