Foi frustrada a expectativa criada para a entrevista coletiva de Celso Roth na tarde desta terça. O técnico do Grêmio, bastante inquieto, se negou a dar quaisquer detalhes sobre o depoimento dado à Polícia Federal pela manhã. Mais tarde, ele foi declarado indiciado por investigações da Operação Ouro Verde.

Por volta das 17h, Celso Juarez Roth entrou na sala de conferências e brincou com os repórteres: "Não tem nem boa tarde hoje?". Sentou-se e fez um breve pronunciamento antes das perguntas:

— Fui convidado a dar esclarecimento como investigado da Operação Ouro Verde. Fui lá às 10h, fiquei uma hora e pouco, respondi a todas as perguntas que me foram feitas, e me parece que a polícia também se pronunciou a respeito. É uma questão pessoal, particular, não vou responder nenhuma pergunta sobre isso. Não tem nada a ver com o Grêmio. Fui chamado por ser vizinho de um dos suspeitos. Não vou entrar em detalhes nem vou responder pergunta nenhuma. Fui convocado, fui lá e fiz meu papel de cidadão e a vida segue.

Confira trechos da entrevista:

Não foi suficiente para os repórteres desistirem do assunto. De todas as formas, jornalistas tentaram extrair mais informações. As negativas começaram:

— A princípio não muda nada. Já me pronunciei. Espero que vocês não façam mais nenhuma pergunta — disse, após o primeiro questionamento.

Depois de outra insistência, disse:

— Parece que vocês não ouvem o que estou dizendo. Me reservo o direito de não entrar em detalhes, é um direito que eu tenho. Estamos aqui para falar do Grêmio.

Questionado se o silêncio não poderia alimentar especulações sobre o teor das investigações, respondeu:

— Estou tentando ser educado com vocês. Se vocês insistirem, a entrevista vai ficar nisso. Sobre a questão de hoje de manhã, vocês podem especular o que vocês quiserem, isso é problema de vocês.

Outro repórter perguntou diretamente se Roth tem dinheiro no Exterior e foi repreendido. Ainda tentou argumentar que toda a imprensa nacional queria ouvir a sua posição, mas não teve sucesso.

— Você está sendo mal-educado. O problema é de vocês e não meu — disse Roth.

Perguntado se o caso não poderia abalar sua imagem, respondeu:

— Não tenho nada que me abale nesse caso. A minha consciência é o que vale.

Roth contou que conversou com o grupo do Grêmio sobre o assunto:

— O que eu disse a vocês foi o que eu disse aos jogadores.

Indagado se ficou surpreso com a intimação, respondeu:

— Fui intimado há uns dias atrás e fiquei surpreso no dia. Hoje, não.

Quando ouviu outra pergunta mais direta sobre o seu envolvimento com dinheiro enviado ilegalmento para o Exterior, esperou o repórter concluir e disse apenas:

— Nada a declarar.