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 | 15/06/2008 01h26min

Bola Dividida: bate-pronto com Sando Goiano, volante do Sport

Mário Marcos

Aos 34 anos, poucos meses depois de sair do Grêmio como um dos grandes ídolos da torcida, o volante Sandro Goiano curte o sucesso mais uma vez. Na última quarta-feira, ele conquistou o título da Copa do Brasil pelo Sport, na Ilha do Retiro, na mesma Recife onde em 2005 ajudou o Grêmio a sair da Série B. Na última quinta-feira, logo depois do treino e um dia após a vitória sobre o Corinthians, ele atendeu seu celular. O que ele falou está aqui:

Como foi estar decidindo um título contra Mano Menezes, amigo e técnico nos tempos de Grêmio?
Sandro Goiano
 — Vou repetir o próprio Mano. Há poucos dias, ele disse: gosto do Sandro, mas gosto mais de mim. Comigo é a mesma coisa. Torço para que tudo dê certo no trabalho dele no Corinthians, mas eu queria este título. Não tinha Copa do Brasil. Fiquei feliz para caramba com a vitória.

O fato de muita gente não apostar no Sport Recife incomodou vocês?
Sandro
— Não, pelo contrário. Nos deu força. As críticas sempre eram usadas nas preleções de vestiário, como foi feito antes do jogo de quarta-feira. É um problema da imprensa do Sudeste. Ela parece usar uma viseira que impede de enxergar o Nordeste. Não enxerga muito o que ocorre aqui, pensa que só há marginal. Esquecem que muitos de nós jogaram lá também e que continuam lutando por seu espaço.

Vocês não concordam que a campanha tenha sido uma surpresa?
Sandro
 — Não tinha ninguém muito superior ao Sport. A gente sempre soube de nossas limitações, mas sempre soubemos também da nossa força.

Você, pelo jeito, se adaptou muito bem ao Sport. Como se deu este processo?
Sandro
— Quando cheguei aqui falei logo: para ganhar alguma coisa, tem de ser copeiro, ter determinação. Usei o exemplo do Grêmio. Ele sempre chega por causa deste estilo. O Sport jogou o tempo todo assim. Eles gostam deste estilo e, inclusive, vivem falando que são parecidos com os times do Sul. O futebol daqui tem muita aplicação, muita pegada, o pessoal gosta de jogar assim, todo mundo marcando firme.

É por isso que você estava sempre sério no jogo, mesmo depois do segundo gol do Sport?
Sandro
— Sempre acho que é preciso concentração máxima nestes jogos. Muitos pegam no meu pé, dizendo que estou com cara de doido nos jogos, mas é apenas na partida. Quem me conhece sabe que sou um cara sereno, pacato. Quando o clube está envolvido, é preciso mudar. O torcedor quer exatamente isso, ele vive intensamente o clube, é apaixonado.

E como foi a festa?
Sandro
 — Uma loucura. Vivi três momentos como este: o retorno para Belém, depois que o Paysandu conquistou a Copa dos Campeões, contra o Cruzeiro, a volta com o Grêmio para Porto Alegre após a Batalha dos Aflitos (vitória sobre o Náutico e volta para a Série B em 2005) e a do Sport, ao vencer o Corinthians. Não pára mais.

Você sabe, certamente, que aqui muitos gremistas torceram pelo Sport?
Sandro — Sem dúvida. Muitos ligaram para mim, funcionários, diretores, todos solidários. O Corinthians tinha Mano, o zagueiro Willian, Herrera, Alessandro, todos ex-Grêmio, mas sei que eles torceram por mim. Sempre gostaram do meu jeito, da minha seriedade, da doação em campo. Sou um cara que se dedica ao máximo.

Se dependesse de sua vontade, você teria continuado por aqui?
Sandro
 — Claro. Fiquei triste, muitos torcedores também, mas entendi. Decidi seguir a minha vida.

Até quando vai seu contrato?
Sandro
 — Tenho mais um ano e meio. Depois, pretendo jogar mais um ano. Quando a gente está feliz, sempre procura esticar mais um pouquinho. Além disso, moro em um lugar bem gostoso.

Onde?
Sandro
 — Na Praia da Boa Viagem, perto do córrego e daqueles bichinhos que roem o tornozelo da gente.

Bichinhos?
Sandro
 — (risos) É, os tubarões aqueles. Mas eu não me arrisco muito, não. No máximo, coloco o dedinho na água.

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