| 29/04/2008 07h44min
Mais recente membro da delegação gaúcha na Olimpíada de Pequim — a vaga foi conquistada no domingo à noite, em torneio no México —, João Souza não virou esgrimista para dar vazão a uma fantasia infantil relacionada aos filmes de capa-e-espada. Foi por puro tédio que o atleta do Grêmio Náutico União ingressou no esporte.
Hoje com 24 anos, João não foi do tipo de criança que duela de brincadeira com os amigos. Gostava era de cair na piscina da Esef, a Escola Superior de Educação Física da UFRGS, onde a mãe, Beatriz, trabalhava como professora de natação. Como tinha de esperá-la sair das aulas, procurou no campus da universidade algo para preencher o tempo livre. Encontrou o projeto Brincando de Esgrima.
— Acabei largando a natação. Pelo visto, valeu a pena — riu João em entrevista por telefone de Querétaro, no México, onde disputou o Pré-Olímpico no florete, uma das três armas da esgrima (as outras são espada e sabre).
A vaga nos Jogos veio com
pompa: João ganhou a medalha de ouro ao
derrotar na final o argentino Alberto Viaggio, também classificado para Pequim. Sofrimento mesmo foi nas semifinais, quando o gaúcho precisou trabalhar o lado psicológico já em pista (o terreno dos combates, coberto por malha antiderrapante). É que seu rival era o venezuelano Carlos Rodríguez, campeão mundial.
— Tudo o que não queria era pegar o Rodríguez nas semifinais. Estava perdendo o tempo todo, mas me concentrei. Para não ficar nervoso, tentava não pensar em tudo o que representava aquele combate — contou João, que se preparou bastante para o Pré-Olímpico.
Desde janeiro, treinava em Budapeste, na Hungria, com atletas e técnicos de alto nível técnico. O revés foi ficar longe da família e dos amigos, sem Carnaval nem chocolates na Páscoa. No domingo, quando ligou para a família, tratou de pedir festa quando chegar à Capital (o desembarque será hoje à noite ou amanhã de manhã):
— Quero um churrascão em família. Mereço, né? — brincou o atleta.
De fato, João merece. Após
entrar para a história da esgrima brasileira ao conquistar o bronze no Pan do Rio, em 2007 — desde 1975 o país não subia ao pódio —, agora ele tentará trazer a primeira medalha olímpica. O resultado mais expressivo do esporte nos Jogos foi em Seul/1988: 15º lugar na classificação por equipes na espada.
No México, o gaúcho João Souza (E) festeja vaga com o técnico
Foto:
Grêmio Náutico União, Divulgação
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