A crise entre o governo e os produtores rurais da Argentina começou a preocupar governo brasileiro porque afeta as exportações argentinas de trigo para o Brasil, segundo reconheceu nesta terça-feira o secretário-executivo do Ministério brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho, durante entrevista coletiva à imprensa.

— Esse assunto preocupa do ponto de vista da questão inflacionária porque o trigo está presente em vários produtos da cesta básica nacional — argumentou Ramalho.

Na capital argentina, onde se encontra em negociação com o secretário de Indústria argentino, Fernando Fraguío, sobre o novo acordo automotivo bilateral, Ramalho quer aproveitar a viagem para obter informações do governo de Cristina Fernández de Kirchner sobre quando pretende reabrir os registros de exportações de trigo.

Neste sentido, Ramalho manterá reuniões com as autoridades locais nesta quarta-feira somente para discutir o assunto.

— Somos os maiores compradores do trigo argentino e queremos continuar sendo porque é um produto de excelente qualidade, é competitivo e de facilidades logísticas. Mas precisamos saber qual será o procedimento do governo argentino sobre a reabertura das exportações porque o Brasil precisa se programar — ponderou ele.

— Temos que saber se vão reabrir ou não as exportações porque se não reabrir, temos que importar de outros países. O que não podemos é não termos trigo porque esse produto influencia nos índices de inflação — completou.

Acordo

Em plena crise do setor agropecuário argentino com o governo de Cristina Kirchner, a Casa Rosada anunciou nesta terça-feira que só reabrirá as exportações de trigo quando fechar um acordo com os ruralistas.

O trigo consumido pelo Brasil, em grande parte, é importado da Argentina, mas desde novembro passado, o registro de exportações está fechado. O consumo interno brasileiro de trigo é de 10,5 milhões de toneladas, das quais produz somente 3 milhões, e o restante é importado da Argentina.