| 09/04/2008 16h47min
A visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Holanda reforçará ainda mais as relações comerciais e políticas entre os dois países, principalmente no setor de biocombustíveis.
A Holanda está especialmente interessada nesse setor "porque o porto de Roterdã quer se transformar em um 'bio-porto', aspirando a ser o enlace do transporte dos biocombustíveis à Europa", explicou Stephan Slingerland, especialista em energia do Instituto Clingendael de Haia.
Além disso, a exportação desse tipo de combustíveis do Brasil à Holanda crescerá "levando em conta o objetivo da União Européia (UE) de que, em 2020, 10% do total dos combustíveis consumidos no setor dos transportes tem que ser biocombustíveis", disse Slingerland.
O professor especializado em biocombustíveis da Universidade de Utrecht Andre Faaij afirmou que os portos holandeses desejam ter capacidade para distribuir mais de "dois milhões de toneladas de biocombustíveis líquidos, dos quais
a metade passaria pelo porto de
Roterdã".
Faaij ressaltou que nestes momentos estão sendo preparados "sete projetos que têm relação com o transporte de biocombustíveis no porto de Roterdã", o de maior tráfego da Europa e um dos principais em escala mundial.
Ele acrescentou que o porto de Roterdã abriga uma empresa com grande capacidade de armazenamento de etanol, a Volpack, a qual faz "muitos investimentos no Brasil".
A Volpack está entre as 15 companhias cujos representantes se reunirão na quinta-feira em Amsterdã com Lula, informou o porta-voz do Ministério da Economia holandês, Ruud Stevens.
Além da Volpack, estarão presentes empresas como a companhia petrolífera Shell, a Unilever, o banco Rabobank, o consórcio eletrônico Philips e a companhia aérea KLM.
Antes, Lula se reunirá com o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, e com outros políticos do país e depois será o convidado de honra de um jantar de Estado oferecido pela
rainha Beatrix da Holanda.
Acordos
Durante o segundo dia desta visita de dois dias os dois governos devem assinar acordos bilaterais em temas de portos, transporte marítimo e logística, educação superior, bioenergia e cultura, entre outros.
As relações comerciais bilaterais são de relevância mútua, pois, segundo dados de 2005, a Holanda recebe 4,5% das exportações brasileiras, o maior percentual da Europa e o quarto em escala mundial, depois de Estados Unidos (19,2%), Argentina (8,4%) e China (5,8%).
Segundo Faaij, os contatos comerciais entre Holanda e Brasil se intensificaram nos últimos três anos, também no terreno universitário.
Em 2005, o Brasil importou um total de US$ 586 milhões da Holanda, entre adubos, leite em pó, animais com fins reprodutivos e principalmente maquinaria (para o setor de medicina, produção de alimentos e peças de meios de transporte).
Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, chegaram hoje ao aeroporto de Rotterdam, na Holanda
Foto:
Marcello Casal Jr, ABr
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